Em
Lichinga, capital provincial do Niassa no norte de Moçambique, populares
protestaram contra a cobrança do imposto de bicicleta. A polícia baleou cinco
cidadãos, um faleceu. O valor em questão foi menos de um euro.
Segundo
os populares que foram ouvidos pela reportagem da DW África, o problema surgiu
por causa da cobrança de 30 Meticais de imposto de bicicleta, ou seja 0,80
Euros, pela Polícia Municipal e a Polícia da República de Moçambique (PRM). Na
manhã desta quinta-feira (12.03.) a polícia exigiu o pagamento a um cidadão que
não tinha dinheiro suficiente para o efeito.
Durante
a discórdia, a polícia baleou na perna o cidadão Omar Abdala. A DW África ouviu
Abdala, que atualmente está internado no Hospital Provincial do Niassa, sobre o
que se tinha passado: "A polícia mandara-me parar. Eu parei e disse-lhes
que não tinha comigo o dinheiro do imposto. Eles queriam retirar a bicicleta
que estave na minha posse. Não o permiti e começaram a ameaçar-me e tentaram
obrigar-me a deixar a minha bicicleta. Eu recusei e dai balearam-me."
Alberto
Saíde, uma testemunha do confronto com a polícia no bairro de Chuaula, confirma
a versão: "A Polícia da República disparou para a perna e não para o ar.
Se fosse para o ar, a coisa seria outra, mas isso é guerra e não é
lógico."
Segundo
o relato de Saíde, alguns populares que assistiram o confronto pegaram no
polícia e começaram a espancá-lo.
Fúria
dos populares
A
seguir, a população local manifestou-se contra a ação da polícia e invadiu a
segunda esquadra local da polícia. Agrediram alguns agentes que estiveram
presentes e vandalizaram a esquadra. No decorrer da revolta popular, houve mais
pessoas que foram baleadas pela polícia, que se defendeu contra os populares.
No
total cinco pessoas baleadas deram entrada no Hospital Provincial de Lichinga,
a maior unidade sanitária na província do Niassa. Segundo Anastácio Vitimane,
substituto do diretor clínico do Hospital, uma pessoa morreu e quatro sofreram
ferimentos graves.
"Todos
os feridos que chegaram aqui já foram tratados e estão fora de perigo,"
disse Vitimane.
Situação
sob controlo
Às
15h30 hora local de Moçambique a polícia tinha reforçado a sua presença nas
ruas de Lichinga e a situação esteve sob controlo, segundo a reportagem da DW
África.
O
comando provincial da Polícia da República de Moçambique no Niassa disse que o
culpado foi o cidadão, pois não cumpriu as ordens do agente. A polícia prometeu
pronunciar-se dentro de dias com mais pormenores sobre a situação.
Manuel
David (Lichinga) – Deutsche Welle
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