Macau,
China, 31 mar (Lusa) - Economistas de Macau consideram que o anúncio de que o
Governo deseja anular as restrições às atividades em yuan é um passo na direção
da extinção da pataca, e uma tentativa de equiparar a moeda chinesa à local.
Na
segunda-feira, durante o debate setorial das Linhas de Ação Governativa, o
secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, anunciou que o Executivo
quer anular "as restrições preliminares quanto à exploração de atividades
em yuan, prestando apoio a instituições financeiras na sua expansão no
exterior".
Sem
mais explicações avançadas pelo secretário, o economista Albano Martins
considera que o anúncio indica que o Governo deseja "que o yuan circule
livremente em Macau".
Apesar
de a moeda de Macau ser a pataca, o dólar de Hong Kong é também aceite
oficialmente. Alguns estabelecimentos aceitam o yuan chinês mas a situação não
está devidamente regulamentada, com algumas lojas a fazer equivaler uma pataca
a um yuan, apesar de o yuan valer cerca de 30% mais.
"[Deste
modo,] o yuan passa a comprar em Macau como compra a pataca, passa a ser uma
moeda local", interpreta o economista.
Albano
Martins alerta para o perigo de a medida ser "um tiro no escuro" e
poder levar à perda "de controlo sob a massa monetária", mas admite que
"cria mais negócios" por deixar de ser necessário fazer conversões.
Além
disso, o economista considera que o caminho traçado pelo secretário é
inevitável: "Mais cedo ou mais tarde o yuan vai arrumar a pataca, vai
deixar de ser moeda de grande circulação. O fim da pataca vai acontecer com a
integração".
Na
prática, salienta, sendo a moeda chinesa já aceite em vários estabelecimentos,
a regulamentação pode ajudar a "pôr tudo a claro".
Opinião
semelhante tem José Sales Marques, para quem a medida anunciada por Lionel
Leong significa que "o Governo quer uma maior utilização do yuan" em
Macau.
Para
o economista, é uma política que "faz todo o sentido", já que até os
locais "pensam em aplicar as poupanças em moeda chinesa".
"O
yuan é cada vez mais internacional, muitos países já fazem comércio em moeda
chinesa, não precisam de recorrer ao dólar", salienta.
No
entanto, é preciso garantir que o mercado é regulado: "Nas lojas há
pequenos avisos a dizer que o câmbio é de um para um, isto é uma exploração,
tem de ser regulado".
Para
Sales Marques, este é um passo em frente para um cenário futuro em que "a
pataca passará a ser uma moeda cada vez mais simbólica".
A
Lei Básica estipula que a pataca é "a moeda de curso legal" na Região
Administrativa Especial de Macau.
ISG//
PJA
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