A
organização Mobilização para Ação Cívica (MAC) organiza na segunda-feira,
diante do Parlamento, uma manifestação para protestar contra o aumento dos
salários dos titulares de cargos políticos em Cabo Verde , noticia
hoje a Inforpress.
Um
dos coordenadores do MAC, Ronny Moreira, indicou que a iniciativa visa
consciencializar as pessoas sobre os aumentos salariais dos políticos
cabo-verdianos, que, segundo o novo estatuto aprovado na quarta-feira por
unanimidade no Parlamento, indexa os vencimentos ao do Presidente de Cabo
Verde, cujo ordenado subiu 64%.
Nesse
sentido, Ronny Moreira adiantou que se pretende também exortar o próprio
Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, atualmente em Portugal em
visita às comunidades na diáspora, a usar o poder de veto contra a proposta de
lei.
"Estamos
perante uma situação em que a população deve entender o que está em jogo, pois
temos uma classe política arrogante, pretensiosa e única e exclusivamente
virada para as suas próprias preocupações", afirmou, indicando esperar que
o protesto se estenda por todo o arquipélago.
O
estatuto dos titulares de cargos políticos foi aprovado quarta-feira por
unanimidade dos deputados das três forças políticas representadas no
Parlamento, de 72 assentos Partido Africano da Independência de Cabo Verde
(PAICV, maioritário e no poder desde 2001 - 38 parlamentares), Movimento para a
Democracia (MpD, 32) e União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID,
dois).
A
nova líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, posicionou contra o aumento dos
titulares dos cargos públicos e, em declarações à Lusa, admitiu divergências
entre a Comissão Política Nacional (CPN) e o Grupo Parlamentar do partido,
liderado pelo seu principal adversário nas eleições diretas de dezembro de
2014, Felisberto Vieira.
Para
Janira Hopffer Almada, cuja demissão da liderança do PAICV já foi pedida pelo
MpD por causa do entendimento entre os grupos parlamentares dos dois partidos
sobre o estatuto, o atual contexto socioeconómico do país não permite os
aumentos, mesmo apesar de os responsáveis políticos manterem o salário definido
em 1997.
Em
causa está o aumento de 64% do salário do Presidente de Cabo Verde, que passou
de 170.000 para 280.000 escudos (de 1.540 para 2.540 euros), montante a que
passam a estar indexados os restantes salários dos titulares de cargos
políticos - Parlamento, Governo e eleitos municipais.
Várias
classes profissionais em
Cabo Verde , como as polícias, professores, portos, alfândegas
e administração pública têm exigido melhores condições de trabalho e aumento
salariais e que não têm sido atendidas e a alta taxa de desemprego (a rondar os
16%).
Cálculos
feitos pelo jornal cabo-verdiano A Semana indicam que a "atualização
salarial", que vigorará a partir de 01 de janeiro de 2016, custará
anualmente mais de 200 milhões de escudos (1,8 milhões de euros), valor
"não oficial", igual a 4,1% das despesas no Orçamento do Estado para
2015 (43 milhões de euros).
Na
sexta-feira à tarde, cerca de cinco centenas de manifestantes protestaram em
frente ao Parlamento contra o novo estatuto e exigiram a Jorge Carlos Fonseca
que vete o diploma, lembrando que 2016 será o ano de três eleições -
legislativas, autárquicas e presidenciais.
O
movimento organizador da manifestação, aparentemente surgido da sociedade
civil, mas que contou com rostos conhecidos do PAICV e do MpD, ostentava
cartazes como "basta", "ladrões" ou "os «thugs»
[ladrões] estão no Parlamento".
As
duas maiores centrais sindicais do país também já pediram ao Presidente para
vetar o diploma.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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