No
arranque das comemorações dos 40 anos da independência de Moçambique, o
Presidente Nyusi sublinhou que o país deve viver "sem medo de
violência". O líder da RENAMO volta a defender a criação de autarquias
provinciais.
O
líder da RENAMO esteve reunido na cidade da Beira, capital da província central
de Sofala, com académicos moçambicanos, na segunda-feira (06.04), e com membros
do Parlamento Juvenil, esta terça-feira (07.04). Os encontros foram convocados
para "dissipar alguns equívocos" que Afonso Dhlakama diz existirem
sobre a criação de províncias autónomas em Moçambique.
Nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado,
o maior partido da oposição ganhou em cinco das 11 províncias do centro e norte
do país e pretende agora governar em seis.
Convicto
em ver a sua proposta aprovada pela Assembleia Nacional, o presidente da RENAMO
explicou como irão funcionar as autarquias provinciais sob gestão do seu
partido. "É um projecto para fazer com que possamos continuar em paz. A autonomia referida
não é apenas partidária ou política, também é económica e financeira".
Segundo
Dhlakama, "os serviços nacionais e as autarquias em conjunto continuarão a
cobrar os impostos". O que significa que "haverá um bolo que vai
poder ficar em Sofala para sustentar as despesas do governo autárquico
provincial".
Académicos
apoiam projecto
Os
académicos presentes no encontro com Afonso Dhlakama mostraram-se otimistas em
apoiar a proposta da RENAMO. Defendem que o projecto vai melhorar a governação
do país.
O
docente universitário Baptista Maposse recorreu ao recente assassinato do
constitucionalista Gilles Cistac – que defendia
que a exigência da RENAMO tinha cobertura constitucional - para chamar
a atenção do Governo para a criação das autarquias provinciais.
"Gostaria
que não se repetissem os erros do passado, como os outros fizeram. Massacres e
prisões sem culpa formada também não devem acontecer." Além disso,
sublinhou ainda o académico, "tem de haver comida suficiente" para a
população.
O
Parlamento Juvenil de Moçambique (PJM), que participou na observação das
eleições de 15 de outubro, também esteve reunido na manhã desta terça-feira
(07.04) com o líder da RENAMO. No encontro falou-se da procura de soluções com
vista a devolver a paz efectiva aos moçambicanos, disse Jossias Sixpense,
coordenador provincial do PJM.
Tensão
agrava-se
A
tensão política em Moçambique tem vindo a agravar-se. Num comício na Beira, no
fim-de-semana, Afonso Dhlakama ameaçou recorrer à força caso a Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder, não aprove o projecto de lei da
RENAMO. Continua também a troca de acusações entre a RENAMO e o Governo sobre
uma alegada movimentação de forças militares.
O
país deve viver "sem medo de violência", afirmou esta terça-feira, em
Mueda, na província nortenha de Cabo Delgado, o Presidente moçambicano, Filipe
Nyusi. "Não há lugar para os moçambicanos se dividirem, para a exclusão de
compatriotas, para nos tratarmos como inimigos, não há lugar para que um grupo
de moçambicanos ameace os seus compatriotas", declarou o chefe de Estado
no lançamento das comemorações dos 40 anos da independência do país.
O
ato foi marcado pelo acender da "Chama da Unidade Nacional", que vai
percorrer as 11 províncias até 25 de junho, dia em que Moçambique
tornou-se independente de Portugal.
Dhlakama
minimiza o impacto da iniciativa, sublinhando que não existe união em
Moçambique. "As pessoas não estão unidas. Isto é uma fantochada",
considerou o líder da RENAMO.
Arcénio
Sebastião (Beira) / Lusa – Deutsche Welle
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