Díli,
07 abr (Lusa) - Um investigador timorense, que está a completar o doutoramento
no Brasil, comprovou que o uso de borras de café é um sistema três vezes mais
eficaz que o do carvão para filtrar água potável, segundo a imprensa
brasileira.
Julião
Pereira, 31 anos, comprovou a descoberta na sua tese de doutoramento que está a
realizar na Universidade Federal de Goiás.
Segundo
os resultados da investigação, as borras de café passam por um tratamento que
permite a extração de um produto identificado como "torta de café"
que é um filtro muito mais eficaz do que o carvão ativado.
"Eu
sofri muito a beber água imprópria e sabia que esse era um problema grave no
meu país. Conversando com os professores, eu disse que queria uma maneira de
tratar a água, já que lá não existe tratamento como o que é feito por aqui.
Pensamos que precisávamos de algum recurso simples e destaquei que lá existem
muitas plantações de café e os estudos concentraram-se nisso", lembra.
A
investigação, orientada pelo professor Nelson Roberto Antoniosi Filho,
coordenador do Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames), começou
em 2009, quando Julião Pereira chegou ao Brasil no âmbito do programa Ciência
Sem Fronteiras, do Ministério da Educação brasileiro.
"Depois
de fazer inúmeros testes para verificar se o material poderia reter mais
poluentes, como metais tóxicos e agrotóxicos, foi comprovado que é muito mais
eficiente do que o carvão ativado, existente nos purificadores, que são mais
caros", explicou o coordenador brasileiro, citado pela Globo.
"Criámos
algo que é muito mais barato, eficiente a partir de algo que iria para o
lixo", disse.
Para
adaptar o sistema à realidade timorense - onde a falta de água potável continua
a ser um dos maiores riscos para a saúde pública - o investigador começou por
secar as borras do café ao sol.
Com
a borra de café seca, o material é submetido a três processos de extração,
primeiro para retirar 15% de óleo de café, que pode ser usado na indústria
alimentícia, de biocombustíveis ou de cosméticos.
Na
segunda etapa, é extraído o aroma do café, que também pode ser reaproveitado na
indústria alimentícia e de bebidas e, finalmente, na terceira fase é extraído
um fertilizante, que pode ser utilizado na própria cafeicultura.
O
produto final é a "torta de café" um produto sem cheiro ou sabor e
que filtra a água com eficiência.
O
processo demora 24 horas e o filtro pode ser construído de uma forma simples com
tecido de algodão e uma garrafa de plástico e durar até um ano.
ASP
// DM
Sem comentários:
Enviar um comentário