Em
declarações ao Bild, o líder do SPD alemão diz que prefere deixar a Grécia
sair do euro do que abrir a porta a que as escolhas de cada país possam ameaçar
os interesses de Berlim e Bruxelas. E o primeiro-ministro italiano explica ao Corriere della Sera a razão de não ter aceite o
convite para participar nos encontros de Tsipras com Merkel, Hollande e
Juncker.
Em
entrevistas publicadas este domingo, duas das atuais referências da
social-democracia europeia declaram o seu alinhamento ao lado dos credores
contra as propostas gregas para travar a austeridade no país. Sigmar Gabriel,
líder do SPD e vice-chanceler alemão, e Matteo Renzi, líder do PD e
primeiro-ministro de Itália, distanciam-se de Atenas no momento crucial das
negociações em Bruxelas”.
Renzi:
“Gregos devem completar o caminho das reformas estruturais”
“Queremos
ajudar a Grécia a ficar no euro. Mas o tempo está a esgotar-se e a paciência da
Europa também”, diz Sigmar Gabriel ao Bild. Matteo Renzi repete ao Corriere
della Sera: “Todos queremos que a Grécia continue no euro, mas eles também têm
de querer continuar”.
O
primeiro-ministro italiano diz que recusou os convites de Tsipras para
participar nos encontros que tem mantido à margem das cimeiras com Merkel e
Hollande. A razão? “Temos uma cultura europeísta, na qual os problemas são
tratados na sede institucional e não nos corredores”.
O
Alexis confiou na Merkel, e para quem assistiu à sua campanha eleitoral só
poderá esboçar um sorriso, dado o que então dizia. Mas se é isso que a Grécia
quer, ok. (…) Para explicar aos gregos que não lhes podemos pagar as pensões
depois de tantos esforços para as cortarmos aos italianos, não é preciso uma
reunião”, prossegue Matteo Renzi, concluindo que a economia grega só poderá
crescer quando “completar o caminho das reformas estruturais”, expressão que se
traduz por mais cortes e transferência do rendimento do trabalho para o
capital.
Sigmar
Gabriel: “Alemães não podem financiar promessas de um governo comunista”
O
líder do SPD é menos diplomático nas declarações ao Bild, explicando que
aceitar as exigências gregas para não introduzir mais austeridade numa economia
destruída pela recessão seria “deixar os trabalhadores alemães e as suas
famílias financiarem as promessas de campanha de um governo comunista”. Na
perspetiva de Sigmar Gabriel, aceitar o caminho que os gregos escolheram nas
urnas é ceder a uma “chantagem” sobre o poder Berlim e Bruxelas.
“É
quase como dar o tiro de partida para os extremistas de direita como Marine Le
Pen em França”, declara o líder do SPD, defendendo que é a direita nacionalista
que terá mais a ganhar com a vitória da Grécia no atual braço de ferro.
Contudo, Gabriel absteve-se de fazer as mesmas previsões sobre quem irá ganhar
num cenário de saída grega do euro.
O
vice-chanceler alemão ataca ainda o ministro Varoufakis, ao referir-se aos
“especialistas em teoria dos jogos no governo grego que estão a jogar com o
futuro da Grécia e da Europa”. Na véspera, Varoufakis referiu-se a um custo na
ordem de um bilião de euros que a zona euro iria suportar em
caso de ‘Grexit’.
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