Díli,
12 jul (Lusa) - Um grupo de manifestantes, que se identifica como
"amantes" do futebol em Timor-Leste, protestou hoje pelo quarto dia
consecutivo contra a Federação de Futebol de Timor-Leste (FFTL), que acusam de
corrupção e irregularidades.
Jose
de Carvalho, que foi treinador da equipa de sub-19 e sub-23, em 2006 e 2007 e
se afirma "coordenador do movimento" de protesto, acusa a direção da
FFTL de "várias irregularidades", considerando que "viola a
legislação e regulamentação da FIFA".
"Há
alguns jogadores com três ou quatro passaportes de Timor-Leste com idades
diferentes. O mesmo nome, o mesmo jogador mas idades diferentes. Fazem isto
para poder ter o jogador a competir em várias competições", afirmou.
"Não
há liga nacional. Há alguns encontros, mas não temos liga desde 2007. Fizeram
esta liga apenas para cumprir o requisito da FIFA. Mas isso nem sequer
terminou. As pessoas querem uma liga. Até no tempo indonésio tínhamos aqui
equipas", afirmou.
Ao
mesmo tempo, insiste que há 7 anos que não há um congresso para reeleger a
direção da FFTL, contestando o processo "fraudulento e irregular" de
naturalização dos jogadores brasileiros da seleção nacional (são atualmente
sete, segundo a FFTL).
João
Neves, outro dos manifestantes, explicou à agência Lusa que as criticas à
naturalização dos jogadores "não é por racismo", mas sim pelas
violações dos critérios para esse processo.
"Qualquer
cidadão que quer assumir a nossa nacionalidade pode fazê-lo. Desde que cumpra o
critério. Os brasileiros vêm para cá só para tentar subir e chegar ao
conhecimento de equipas da Ásia. Nem sequer jogam no país", afirmou.
Joaquim
Vide, que foi jogador federado em Portugal, e também presente na manifestação,
explica que há muitos anos que o futebol tem tido falta de apoio adequado por
parte da FFTL.
"Não
temos clubes como deve ser para formarem as associações e associações como deve
ser para formarem a federação. As associações que existem cá são quase só
montadas para dar imagem", afirmou.
Joaquim
Vide reforçou que os dirigentes da FFTL "Já estão há muito tempo na
liderança, têm que fazer eleições e dar oportunidades a outros que tenham bons
projetos, que querem fazer coisas".
Apesar
da seleção nacional estar "a jogar muito bem", insiste que o problema
é a irregularidade.
"O
jogador chega quarta-feira, na sexta-feira já tem passaporte timorense e
arranca no sábado. Há jogadores que estão inscritos em clubes cá que não
existem nem jogam", acusou.
Osório
Florindo, vice-presidente da FFTL, rejeitou, em entrevista à Lusa, as acusações
dos manifestantes, insistindo que para que uma liga nacional possa ser começada
é necessário que a sociedade civil crie os clubes e que haja depois as
infraestruturas adequadas.
"Nós
também estamos preocupados com isto. Mas a preparação dos clubes não cabe à FFTL.
Quando falamos em liga profissional, tem que haver critérios, apoios,
infraestruturas. E ainda não temos nada disso. E tem que ser a sociedade civil
a fazer isso e não parece estar muito interessada", considerou.
Osório
Florindo considera que "há alguma má compreensão sobre o papel da
Federação", pelo que entende que não cabe ao organismo "formar o
clubes".
O
dirigente insiste que está previsto um congresso da FFTL para setembro e
rejeita as acusações de corrupção contra a direção, afirmando que casos como os
recentes que ocorreram em Singapura - quando foram detidos o diretor técnico da
FFTL e um outro timorense por alegada tentativa de combinar resultados - são
pontuais e não abrangem todos.
"Não
somos todos corruptos. Os crimes são responsabilidade individual. Ou se um
membro do Governo é corrupto dizemos que são todos? A FFTL não protege qualquer
pessoa que seja acusada destes crimes", afirmou.
Quanto
à naturalização dos jogadores brasileiros, Osório Florindo diz que "isso
acontece em todo o mundo" e que o processo segue sempre a lei, pelo que
"não há qualquer irregularidade".
ASP
// NF
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