Maputo
- A Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, disse hoje, terça-feira,
que sofreu dois ataques militares do Governo na última semana, um dos quais com
mortos e feridos, e avisou que a paciência está esgotar-se.
António
Muchanga, porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), avançou hoje
em conferência de imprensa em Maputo que, no domingo à tarde, militares
transportados em dois camiões e num veículo Land Cruiser equipado com uma
metralhadora atacaram o quartel do movimento no posto administrativo de Zobué,
distrito de Moatize, na província de Tete.
"Condenamos
a agressão que as forças da Renamo estão a sofrer em Tete, perpetrada pelas
forças de intervenção rápida e FADM (Forças Armadas e Defesa de Moçambique),
afirmou Muchanga, que não precisou o número de vítimas, indicando apenas a
existência de mortos e feridos.
Na
quinta-feira, segundo o porta-voz do maior partido de oposição, o exército
atacou também um quartel do movimento em Funhalouro, província de Inhambane,
mas sem baixas, "porque os guerrilheiros da Renamo conseguiram
escapulir-se", ao contrário do que se passou no domingo.
"A
mesma sorte não houve em
Tete. Perante o perigo iminente, os homens da Renamo tiveram
de responder, o que resultou em derramamento de sangue", descreveu.
Muchanga
declarou que "a paciência dos comandantes da Renamo esta a
esgotar-se" e que o presidente do partido, Afonso Dhlakama, está
preocupado com a situação e que, "na qualidade de comandante-chefe das
forças armadas da Renamo, pede a contenção das forças do Governo para que a paz
seja uma realidade no país".
O
porta-voz apelou também "às forças vivas da sociedade" para que façam
algo, observando que hoje se assinala o 55.º aniversário do massacre de Mueda,
dia em que as tropas portuguesas mataram a tiro um número incerto de pessoas,
num dos episódios mais violentos do colonialismo em Moçambique.
"Achamos
que o 16 de Junho deve servir de lição para que moçambicanos percebam que não é
com tiros que vão resolver os seus problemas, é dialogando, num diálogo sério e
proactivo", salientou o porta-voz da Renamo.
António
Muchanga não confirmou a existência de um prazo dado por Dhlakama para iniciar
conversações com o Governo, limitando-se a referir que "não há prazo para
terminar o diálogo".
O
responsável da Renamo voltou a acusar o executivo de encerrar unilateralmente a
Equipa Militar de Observadores Internacionais da Cessação das Hostilidades
Militares (EMOCHM), que deveria acompanhar o processo de integração dos
militares da Renamo nas forças convencionais moçambicanas, o que nunca
aconteceu.
Angop - foto Carlos Vaz
Sem comentários:
Enviar um comentário