Um
desastre profundo para o país e a maior condenação do governo Passos Coelho e
das políticas de empobrecimento é o que revelam as estatísticas da população
divulgadas pelo INE. Atualmente, em Portugal, morrem mais pessoas do que nascem
e a emigração bate todos os recordes.
Segundo
os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados nesta
terça-feira, em 2014 134.624 pessoas emigraram de Portugal – 49.572 emigrantes
permanentes e 85.052 emigrantes temporários, que declaram querer ficar fora do
país menos de um ano. Nunca houve tantos emigrantes temporários. Mas, quantos
voltarão de facto tão depressa?
Ao
jornal Público, Maria Filomena Mendes, presidente da Associação Portuguesa
de Demografia (APD) aponta: “Estes emigrantes são temporários, mas, se tiverem
melhores condições de vida no estrangeiro, acabam por permanecer lá. Muitas
vezes são jovens qualificados que arranjam um emprego com melhor remuneração.
Depois, vai o marido, vai a mulher, vai o companheiro, vai a namorada. Aquilo
que, à partida, poderia não ser uma perda, acaba por funcionar como tal. A
penalização é grande, tanto para a demografia como para a economia nacional e
para a sociedade”.
Emigração
bate recordes
No
auge da emigração dos anos 60, em 1966, emigraram 120.239 pessoas, um número
ultrapassado tanto em 2012, como em 2013 e em 2014.
Em
2012, emigraram 121.418 pessoas, em 2013, 128.108 e em 2014, 134.624.
Durante
o período do atual governo PSD/CDS-PP - os últimos quatro anos - o saldo
migratório foi sempre negativo, emigram mais pessoas de Portugal, do que as que
imigram para o nosso país. Em 2014, entraram em Portugal 19.516 pessoas,
enquanto emigraram (sem incluir os emigrantes temporários) 49.572 pessoas, pelo
que o saldo migratório foi de -30.056.
Em
declarações ao Observador, Maria João Valente Rosa, demógrafa e diretora
da Pordata, afirma: “As migrações são um termómetro da dinâmica das
sociedades. E o que é importante percebermos aqui é que Portugal, olhando para
os números do saldo migratório, perdeu o seu interesse. Quando saem mais
pessoas do que aquelas que entram, é sinal de que há falta de interesse no
país”.
Maria
Filomena Mendes destacou ao Público: “Enquanto não conseguirmos recuperar
da crise económica e financeira, continuaremos a ser penalizados pela
emigração, porque estamos a perder população jovem, em idade activa e em idade
fértil”.
Em
Portugal em 2014, houve 82.367 nascimentos e 104.790 óbitos. Um saldo natural
de -22.423.
E,
esta situação repete-se há anos, como se pode ver pelo quadro abaixo.
Desde
2008 que, em cada ano, morrem mais pessoas do que nascem em Portugal.
Menos
200 mil pessoas em 4 anos
Assim,
de acordo com estes dados do INE, nos últimos quatro anos – o tempo da
governação de Passos Coelho e Paulo Portas – Portugal perdeu 197.899
habitantes, entre o final de 2010 e o final de 2014.
Só
em 2014, Portugal perdeu 52.479 pessoas (resultante dos saldos migratório e
natural negativos), uma taxa de crescimento negativo efetivo negativa de -0,5%.
No final de 2010 viviam no país 10.573 milhões de pessoas, no final de 2014
esse número é de 10.374.822 pessoas.
Maria
Filomena Mendes afirma: “São valores muito significativos numa população de 10
milhões de pessoas. É muitíssimo, num período tão curto e para uma população
tão pequena”.
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