A
TAP abriu um inquérito ao comandante Lino Rodrigues, ex-consultor do Sindicato
dos Pilotos (SPAC) e que foi apontado como sendo o cérebro da greve dos pilotos
em maio. Em
causa estão, sabe o Dinheiro Vivo, as atividades extra-profissionais
remuneradas que Paulo Lino Rodrigues desenvolvia ao serviço precisamente do
SPAC e os tempos de descanso obrigatório estabelecidos por lei antes de um voo.
A
notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios, que dá conta da decisão da TAP em
"avaliar a atividade extra-profissional em funções remuneradas de Paulo
Lino Rodrigues, enquanto assessor do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil
(SPAC), se esses serviços são eticamente aceitáveis, ou não, e se essa
prestação de serviços colocou em causa a segurança operacional da TAP nos voos
que efectuou". Um inquérito que deverá levar, apenas, algumas semanas a
estar concluído e que será feito já com a audição do próprio Paulo Lino
Rodrigues. Visa apurar se há, ou não, matéria para abrir um processo
disciplinar.
No
limite, em caso de processo disciplinar, o comandante da TAP pode mesmo vir a
ser despedido com justa causa. Tal como pode ser arquivado, se não for
encontrada matéria que justifique a acusação, garante fonte conhecedora do
processo.
Além
de analisar a atividade de consultoria que Paulo Lino Rodrigues desenvolvia
junto do SPAC, "e que tem diretamente a ver com a sua atividade na
empresa", o inquérito da transportadora aérea nacional pretende, ainda,
apurar se não terá havido violação dos tempos de descanso. Uma questão estabelecida
na lei, de forma "muito rigorosa". Ou seja, quanto um voo está
próximo, é suposto que o piloto esteja mesmo em descanso.
Além
de comandante da TAP no ativo, Paulo Lino Rodrigues é economista. Em maio,
aquando da última greve dos pilotos, ficou a saber-se que Lino Rodrigues terá
estado envolvido em todas as grandes negociações entre o SPAC e a
transportadora aérea nacional, serviços pelos quais terá cobrado mais de um
milhão de euros. Só a greve de 10 dias em maio teria rendido a este consultor
qualquer coisa como 170 mil euros.
Estas
notícias levaram o consultor do SPAC a "revogar o contrato que o vinculava
legitimamente" ao sidicato, continuando a exercer as mesmas funções de
forma graciosa. No entretanto, a direção do SPAC demitiu-se, mas não avançou
com qualquer razão para justificar o afastamento. Na altura da greve, o
sindicato assumiu que a sua ação permitiu "infligir um dano de 30 milhões
de euros na companhia", considerando que tal "não devia ser
desvalorizado pelo Governo".
Entretanto,
o Sindicato dos Pilotos emitiu um comunicado negando o envolvimento de Lino
Rodrigues nas negociações com a TAP ou na preparação, declaração e manutenção
da greve. "É falso que o comandante Paulo Lino Rodrigues tenha sido o
estratega da greve dos pilotos. A estratégia de fazer e declarar a greve foi
decidida em Assembleia de Empresa que teve lugar no dia 15 de Abril de 2015,
onde participaram 434 Associados e votaram 360 a favor da greve", diz o
SPAC, que acrescenta que a decisão de declarar e de manter a dita greve foi
"responsabilidade exclusiva" da direção.
No
comunicado, a direção demissionária garante, ainda, que a colaboração da
empresa de Paulo Lino Rodrigues com o SPAC "incidiu apenas sobre questões
financeiras no âmbito das negociações levadas a cabo pela Direcção do SPAC
sobre a interpretação do Acordo de Empresa e a sobrevigência do mesmo".
Assegura, ainda, ser falso que a atividade de assessoria desenvolvida junto da
direcção do SPAC " tenha colocado em causa, em algum momento, a segurança
de voo".
O
Sindicato dos Pilotos termina "repundiado, porque falsas, as as acusações
imputadas pela TAP ao comandante Paulo Lino Rodrigues".
Dinheiro
Vivo
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