Macau,
China, 16 jun (Lusa) -- As seis operadoras de jogo de Macau advertiram hoje,
apoiando-se num estudo conjunto realizado junto de trabalhadores e clientes,
que o fim das salas de fumo nos casinos pode ter um impacto negativo na
economia.
Em
comunicado, indicam que os resultados iniciais do estudo, encomendado a uma
empresa internacional -- não identificada -- mostram que dois terços (66%) dos
cerca de 34 mil funcionários das seis operadoras inquiridos, dos quais 81% dos
casinos e os restantes do universo não-jogo, incluindo fumadores e não
fumadores, apoiam a manutenção e desenvolvimento de salas de fumo nos casinos.
Em
paralelo, 47% dos clientes VIP e 31% dos do segmento de massas -- de uma
amostra total não especificada, -- estão preocupados com o impacto prejudicial
no emprego e na economia de Macau em geral.
"O
estudo independente demonstra claramente que os [jogadores] VIP irão reduzir as
visitas a Macau em 17% e diminuir o tempo de estadia em 24%", refere a
nota conjunta da Galaxy, Melco Crown, MGM, Sociedade de Jogos de Macau (SJM),
Venetian e Wynn.
Além
disso, perante uma eventual proibição total do fumo, 32% afirmaram que irão viajar
para destinos alternativos de jogo.
Apesar
de manifestarem apoio ao Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo,
considerando a saúde e o bem-estar de funcionários e clientes de "extrema
importância", as operadoras afirmam que "estão unidas na sua posição
de que as salas de fumo devem ser mantidas e que devem ser cuidadosamente
avaliadas todas as implicações que podem decorrer da aplicação da proposta de
lei".
A
Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo tem vindo a ser aplicada de forma
gradual. O regime entrou em vigor a 01 de janeiro de 2012, visando a
generalidade dos espaços públicos, prevendo disposições diferentes ou períodos
transitórios para outros casos.
Os
casinos passaram a ser abrangidos a 01 de janeiro de 2013, mas apenas
parcialmente, já que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas
específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da
área destinada ao público.
A
06 de outubro de 2014, "as zonas para fumadores" foram, porém,
substituídas por salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de
ventilação independente, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de
massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP.
"Todas
as partes interessadas reconhecem que há um forte apoio à manutenção de salas
de fumo" e que "uma proibição total teria impacto negativo na
economia em geral de Macau", uma vez que o jogo é a principal indústria do
território.
"Macau
está a enfrentar contrários ventos fortes e introduzir restrições adicionais,
que podem prejudicar ainda mais a sua economia, devem ser avaliadas com
cuidado", lê-se no comunicado.
O
executivo de Macau tornou clara, no início do ano, a intenção de aplicar uma
política de "tolerância zero" ao fumo e, no final de janeiro, o
Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, reiterou que na
primeira metade do ano seria apresentada uma proposta de revisão da lei do
tabaco com vista a esse objetivo.
Alexis
Tam falava então durante a apresentação do relatório sobre o "Regime de
Prevenção e controlo do tabagismo 2012-2014", fruto de um inquérito em que
se concluiu que mais de 70% da população concorda com a proibição total de fumo
nos casinos e que 80% dos trabalhadores do setor do jogo também apoiam a
medida.
Hoje,
à partida para Pequim, o chefe do Governo, Fernando Chui Sai On, recordou que
os Serviços de Saúde elaboraram um relatório de acompanhamento e avaliação do
Regime, em que se propõe a proibição total de fumo em todos os recintos
fechados destinados ao público, e que estão em curso os trabalhos de revisão da
lei, prevendo-se a entrega de um diploma para apreciação da Assembleia Legislativa
ainda este mês.
DM
(FV) // VM
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