Hong
Kong, China, 16 jun (Lusa) -- A polícia de Hong Kong deteve uma décima pessoa
pela suspeita de fabrico de explosivos, num caso supostamente ligado a um grupo
político "radical" ocorrido nas vésperas da votação da polémica
reforma do sistema eleitoral.
As
autoridades da antiga colónia britânica não descartam a possibilidade de levar
a cabo mais detenções na sequência da descoberta, esta segunda-feira, de
potentes explosivos numa aparente fábrica montada nos antigos estúdios da ATV,
já abandonados, em Sai Kung.
Um
homem de 58 anos foi detido "sob a suspeita de conspirar para o fabrico de
explosivos" na noite de segunda-feira, elevando para dez o número de
suspeitos, seis homens e quatro mulheres, todos locais com idades compreendidas
entre os 21 e os 58 anos.
Alguns
dos detidos afirmaram ser membros de um "grupo radical local", mas a
polícia indicou que uma investigação está em curso. Caso sejam
condenados pela acusação de conspiração para o fabrico de explosivos,
transversal a todos os detidos, arriscam uma pena máxima de 20 anos de prisão.
Dois
dos suspeitos estariam a planear, segundo a polícia, detonar um engenho
explosivo no passado domingo, dia 14.
O
tipo de bomba encontrado consistia num explosivo de "forte potência"
que já foi utilizado em diferentes atentados, como o de julho de 2005 em
Londres, em que morreram 52 pessoas e mais de 700 ficaram feridas.
As
detenções aconteceram a poucos dias da votação, pelo Conselho Legislativo
(LegCo, parlamento), da proposta de reforma eleitoral que define a metodologia
da eleição do chefe do Executivo da Região Administrativa Especial chinesa.
O
LegCo vai analisar o diploma na quarta-feira mas, tendo em conta o intenso
debate que deve desencadear, prevê-se que a votação propriamente dita seja
protelada para quinta ou mesmo para sexta-feira.
A
proposta de lei prevê a introdução do sufrágio universal nas eleições para o
chefe do Executivo em 2017, mas só depois de uma pré-seleção de dois a três
candidatos, que ficará a cabo de um comité composto por 1.200 membros, num
processo descrito pela ala democrata como uma "triagem".
A
proposta de lei surge após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comité
Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma política.
Dado
que, no passado, Pequim tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do
Governo é eleito por um colégio eleitoral de cerca de 1.200 pessoas, que seria
capaz de escolher o seu líder em 2017, esse anúncio desencadeou um forte
movimento de contestação.
Esse
movimento levou a que, a 28 de setembro do ano passado, o 'Occupy Central'
iniciasse uma campanha de desobediência civil, reforçando os protestos
estudantis então em marcha contra a recusa de Pequim em garantir o sufrágio
universal pleno.
As
manifestações, pautadas pelo cariz pacífico, pese embora uma série de
incidentes, desenrolaram-se sob a forma de ocupação das ruas -- em pelo menos
três distritos, incluindo no centro da cidade -- e mantiveram-se até 15 de
dezembro, altura em que as autoridades procederam ao despejo dos últimos
acampamentos.
DM
(ISG) // JPS
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