Sindicalista
alerta que muitos dos que agora estão a vir de Angola para Portugal "vão
ter que acabar por regressar outra vez, porque em Portugal não há trabalho.
O
Sindicato da Construção disse esta sexta-feira que todos os meses regressam de
Angola para Portugal 500 emigrantes que trabalham no setor. "Só de
trabalhadores ligados à construção estão, desde há cerca de três meses, a
regressar de Angola 500 por mês e isto vai aumentar muito mais se não forem
tomadas medidas", afirmou o presidente do sindicato.
Segundo
Albano Ribeiro, há salários em atraso em "mais de 200" empresas
portuguesas que ali operam. E "há muitos mais de outros setores também a
regressar".
Comentando
um relatório da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que hoje
avisa que a quebra de exportações para Angola e Brasil pode motivar o
regresso de inúmeros trabalhadores de empresas portuguesas a Portugal,
pressionando a Segurança Social e a recuperação económica, Albano Ribeiro
considerou que "não é nada de novo" e anuiu que levará o desemprego
em Portugal a "aumentar muito mais".
"Ainda
hoje pedimos uma audiência urgente com o secretário de Estado das Comunidades,
porque há situações de até quatro salários em atraso em Angola e já há
trabalhadores que nem lá, nem aqui conseguem sobreviver", afirmou.
De
acordo com o dirigente sindical, face à hipótese colocada por estes trabalhadores
de recorrerem à greve ou rescindirem o contrato, "as empresas estão a
dizer-lhes que, nesse caso, vão para Portugal pelos seus próprios meios,
pagando eles próprios a viagem de avião".
"Como
não têm dinheiro para o fazer, não vêm, ficando numa situação muito
delicada", disse.
Segundo
o presidente do Sindicato da Construção, em causa estão "200 e tal
empresas [do setor] que foram à falência em Portugal, deixando mais de 220
milhões de euros de dívidas, e que agora estão a fazer isso em Angola a milhares
de trabalhadores".
Contudo,
alerta o sindicalista, muitos dos que agora estão a vir de Angola para Portugal
"vão ter que acabar por regressar outra vez, porque em Portugal não há
trabalho e um operário qualificado ganha 545 euros, quando lá ganha, no mínimo,
2.000 euros por mês".
Por
outro lado, refere Albano Ribeiro, as obras que estavam em curso em Angola
"vão ter que ser retomadas, porque são muitas pontes, autoestradas e
habitações que foram destruídas na guerra, o que vai criar, ainda, muitos mais
milhares de postos de trabalho".
Contudo,
tal acontecerá apenas quando for ultrapassada a atual situação económica local
e a situação deixar de estar "instável" como neste momento.
Entretanto,
disse, "já há construtoras portuguesas que estão a direcionar-se para
outros mercados, como Moçambique, onde não têm problemas nenhuns".
Diário
de Notícias
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