O
próximo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Baciro Djá, enfrenta um processo de
suspensão do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)
anunciado pelos órgãos dirigentes há 12 dias.
A
posse ser-lhe-á conferida pelo Presidente da República, José Mário Vaz, hoje às
17:00 (18:00 em Lisboa) no Palácio Presidencial, em Bissau - no mesmo dia em
que o nomeou para o cargo.
Baciro
Djá é um político de 42 anos, formado em Psicologia, que já teve funções
governativas e foi candidato à presidência do país em 2012.
Em
fevereiro de 2014, apoiou Domingos Simões Pereira na candidatura à liderança do
PAIGC no congresso de Cacheu (cidade no norte da Guiné-Bissau).
Depois
de conduzir a campanha do partido nas eleições gerais (legislativas e
presidenciais), integrou em julho de 2014 o Governo de Domingos Simões Pereira,
assumindo a pasta da presidência do Conselho de Ministros.
Há
cerca de dois meses, a 22 de junho, durante uma reunião do Comité Central do
PAIGC, o primeiro-ministro e líder do partido, Domingos Simões Pereira, acusou
Djá de comprometer "alguns objetivos de governação e o próprio
relacionamento com outros titulares dos órgãos de soberania".
Sem
detalhar as razões de desentendimento, o porta-voz do PAIGC, João Bernardo Vieira,
remeteu apenas para as deliberações do encontro: "encaminhar para o
Conselho de Jurisdição todos os elementos referenciados pelo 3.º
vice-presidente [Baciro Djá] relativos a apoios do exterior" e reabrir as
contas da última campanha eleitoral.
O
porta-voz referiu que Baciro Djá era responsável pelo dossiê e nunca chegou a
apresentar o relatório final das contas.
No
dia seguinte, o governante anunciou a entrega do pedido de demissão ao líder do
Governo e justificou a saída com uma "notória falta de confiança
recíproca", entre ele próprio e Simões Pereira.
"Em
nome da coerência, em nome da cultura de Estado e de responsabilidade, acho
necessário e pertinente formular o pedido de demissão do cargo que até hoje
estou a assumir", referiu.
Apesar
de questionado pela Lusa, não quis explicar as razões da falta de confiança
recíproca de que fala, remetendo mais pormenores para um "momento
oportuno".
Sobre
o que ia fazer, Baciro Djá afirmou-se um político e disse que ia continuar a
exercer funções na Assembleia Nacional Popular (ANP), como deputado eleito.
A
08 de agosto, o ´bureau´ político do PAIGC anunciava a suspensão de militância
decretada pela justiça do partido a Baciro Djá - decisão entretanto contestada
pelo próprio nos tribunais.
Hoje
toma posse como novo primeiro-ministro às 17:00, numa decisão do Presidente da
República já classificada pelo PAIGC como inconstitucional.
Nos
termos das consultas previstas na lei e enquanto partido maioritário no
Parlamento, o PAIGC tinha proposto na segunda-feira que o chefe de Estado
voltasse atrás e reconduzisse Domingos Simões Pereira.
Lusa
em Notícias ao Minuto
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