domingo, 29 de novembro de 2015

Angola. Belarmino confirma haver no regime gente solidária com a ação terrorista



COMENTARISTA DO REGIME COM DECLARAÇÃO INTERESSANTE

O comen­tarista de plantão do regime, Belarmino Van-Dú­nem, sobre os ataques terroristas em Paris, que fizerem mais de uma centena de mor­tos, fez uma comparação hilariante e que não pode, numa sociedade civilizada, passar como se não tives­ses sido feita.

Diz Belarmino Van-Dúnem que os membros do Estado Islâmico respondem desta maneira face aos ataques da comunidade internacio­nal nos seus respectivos países.

Ouvindo o que diz este comentarista bajulador é caso para dizer que os ex­tremistas têm legitimidade porque a Europa Ocidental e os EUA invadem e bom­bardeiam os seus países, esquecendo-se de dizer que também abre portas à recepção dos seus refugia­dos.

Importa, contudo, atentar que sssa declaração, que pode ser considerada ir­responsável, legitima os radicais da República De­mocrática do Congo, Costa do Marfim, Guiné-Bissau e da República do Congo­-Brazzaville a virem colo­car bombas em Angola e espalhar o luto e a dor ao nosso já sofrido povo.

Como a bajulação tem me­mória curta, importa reme­morar Belarmino Van-Dú­nem, que foram as tropas angolanas que entraram no ex-Zaire (actual República Democrática do Congo), que derrubaram Mobutu Sesse Sekou, para coloca­rem no poder Kabila pai.

Também foram as FAA, que entraram na Repúbli­ca do Congo Brazzaville e destituíram um presidente democraticamente eleito, Pascal Lissouba, para re­colocar no poder o ditador, Dennis Sassou Nguesso.

Tal como foram as mes­mas tropas que invadiram a Costa do Marfim para ajudar Laurent Gbagbo a continuar a guerra no seu país para se perpetuar no poder, recusando-se a cumprir o resultado eleito­ral e, ainda, na Guiné-Bis­sau, a inspirar um golpe de Estado, por apoio excessi­vo a Carlos Gomes Júnior, com a entrada de material bélico e militares, sem co­nhecimento dos outros ór­gãos do poder guineense.

Ora na lógica de Belarmi­no, os radicais destes paí­ses podem vir a Angola e começar a colocar bombas a torto e a direito, porque as tropas do regime foram invadir os seus países.

É isso, caro Belarmino? Às vezes a bajulação cega leva a darmos tiros nos pró­prios pés.

Laurent Gbagbo pôs o povo a votar, mas como não explicaram tudo, ele esqueceu-se (como fez em Angola o seu grande amigo José Eduardo dos Santos) de pôr os mortos a votar. Vai daí, perdeu. Per­deu mas não saiu.

Relembre-se a Belarmino Van-Dúnem, mas não só, que Laurent Gbagbo or­denou a “requisição” das agências no país do Ban­co Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO), ao que o presidente eleito, Alassane Ouattara, respon­deu ordenando o seu “en­cerramento”.

O pessoal das agências do BCEAO foi requisitado para “assegurar os serviços ordinários” dos estabeleci­mentos, lê-se num decreto presidencial assinado por Gbagbo, que se autopro­clamou presidente.

Acrescente-se que Laurent Gbagbo não só se autopro­clamou presidente como recebeu o apoio, sobretu­do militar, dos seus amigos mais democratas, casos de Eduardo dos Santos e Ro­bert Mugabe.

Alassane Ouattara, o pre­sidente reconhecido pela comunidade internacional mas que se arriscou a ser presidente de coisa nenhu­ma, reagiu a esta medida qualificando-a de “ilegíti­ma, ilegal e, como tal, sem efeito” e anunciou “o en­cerramento” das agências do banco regional no país.

O decreto de Laurent Gba­gbo foi conhecido depois de Philippe-Henry Dacou­ry-Tabley, governador cos­ta-marfinense do BCEAO, considerado um próximo do presidente cessante, ter sido forçado a demitir-se. O governador foi acusa­do de ter desrespeitado as ordens da União Económi­ca e Monetária da África Ocidental, que considerou Ouattara o presidente le­gítimo, e ter autorizado o levantamento de cerca de 90 milhões de euros para o regime de Gbagbo.

No caso de Joseph Kabila, relembre-se que ele não acreditou na capacidade do seu exército, e mui­to menos nas forças da ONU, para fazer frente ao general Laurent Nkunda. Acreditou, contudo, na ca­pacidade bélica do maior e melhor exército da região, o de Angola. E este, pela calada da noite e entre os devaneios de uma solução política sugerida pelos en­viados de Paris e Londres, Bernard Kouchner e David Miliband, mandou para Kinshasa o melhor do seu exército.

O general Nkunda foi obrigado a perceber que as FAA não são as FARDC - Forças Armadas da RDCongo. Kabila para se defender do lobo Nkun­da pediu ajuda ao leão angolano. E esse leão der­rotou o lobo e quando en­tender vai comer o Kabila.

Isto se, interpretando a tese de Belarmino Van-Dúnem, não resolveram vir para cá fazer uns atentados terro­ristas, legitimados pela teo­ria de que a política a se­guir deve ser a de olho por olho, dente por dente. Se o fizerem ainda vamos ver os “belarminos” da praça ficar cegos e desdentados.

Folha 8 digital

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