domingo, 29 de novembro de 2015

IIIª GUERRA MUNDIAL




1 – Os últimos acontecimentos na Síria comportam um conjunto de indicadores que nos remetem para um ambiente de IIIª Guerra Mundial, cuja progressão inevitável está em marcha.

Neste momento:

- Há três continentes já afectados pelo espectro do terrorismo: Ásia, África e Europa, assim como recrutamentos iniciais de jihadistas na América.

O único continente capaz de controlar a contaminação, em razão das possibilidades de gerência do seu isolamento físico-geográfico, é a Oceânia (Austrália);

- O combate ao terrorismo elevou a fasquia da panóplia de meios bélicos no teatro de operações, começando a enquadrar meios estratégicos uma vez que os meios tácticos se estão a tornar insuficientes perante a escalada de riscos e de ameaças, tendo em conta a descoberta das cumplicidades;

- A espiral de violência que não tendo sido possível controlar, possui geométricas potencialidades de progressão, em função de cumplicidades em relação ao terrorismo jihadista, que pouco a pouco se vão desvendando, à medida que se vão descobrir as linhas financeiras que sustentam o terrorismo.

Neste aspecto, uma parte das oligarquias e elites europeias têm laços de cumplicidade com os jihadistas e seus artifícios (como por exemplo o Estados Islâmico, ou o Iémen), por que, para além dos interesses financeiros, estão envolvidas em negócios de armamento e de petróleo com mentores fulcrais do jihadismo: a Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia.

É evidente que isso reflecte-se já na própria NATO que começa a colocar-se perante dilemas internos, face ao desmascaramento progressivo do clã Erdogan (a Turquia é membro da NATO).

2 – O enquadramento do conflito vai obrigar a uma polarização entre os que advogam a hegemonia unipolar e as emergências multipolares, com reflexos em todo o planeta: nenhum país, nenhum estado, nenhuma nação, nenhum povo poderá ficar indiferente perante essa tendência, pelo que paulatinamente procurarão enquadrar-se numa dessas opções.

A natureza e o carácter do jihadismo comprovam por via da constante provocação expansionista dos seus próprios termos, que pouco a pouco, à medida que vão sendo directa ou indirectamente atingidos, os que hoje se julgam imunes vão ser obrigados a optar.

Mesmo países como Angola, que por razões tão legítimas quão historicamente justificáveis, advogam a paz global com mérito e iniciativas que visam harmonizar, cultivar o diálogo e buscar amplos consensos, vão ter de mais cedo ou mais tarde, optar.

3 – África tenderá a ser o continente mais sacrificado, a médio e longo prazos, num quadro de IIIª Guerra Mundial desta natureza:

- Os interesses da aristocracia financeira mundial que detém o poder sobre inúmeros carteis e multinacionais, das oligarquias e elites norte-americanas e europeias concomitantes, afectadas nas cumplicidades com o espectro jihadista, são os mesmos que se propõem, via NATO/AFRICOM, ou por concertadas iniciativas, ao exercício neo colonial;

- A maior evidência vai para a África do Oeste e o Sahel, onde o “pré carré” da “FrançAfrique” é avassaladoramente dominador, com plataformas escolhidas que alastram desde o Senegal ao Djibouti.

A expansão do jihadismo terrorista veio tacitamente fortalecer os processos de domínio em todas as plataformas sob jurisdição do “pré carré” da “FrançAfrique”;

- Outras evidências surgem em relação a estados susceptíveis de actuação jihadista, como a Nigéria, os Camarões, o Chade e o Níger, a oeste, ou a Somália, o Quénia e a Etiópia a leste.

Nesse aspecto recordo as preocupações do Pentágono, antes até da criação do AFRICOM, em relação à vulnerabilidade das fronteiras africanas decorrentes da Conferência de Berlim.

Essa “preocupação” abre a oportunidade para a tentação de redesenhar os mapas africanos, um projecto afim ao Pentágono, conforme ao que tem sido demonstrado particularmente no Sudão e no Mali, no que a África diz respeito;

- Havendo progressão em África do jihadismo terrorista catapultado pela Arábia Saudita, o Qatar e a panóplia dos seus aliados (que incluem membros da NATO e os falcões de Israel e dos Estados Unidos), a acção dos jihadistas pode chegar a afectar Angola e Moçambique, na África Austral.

4 – Em Angola e em Moçambique deve haver cada vez mais prevenção em relação a “cavalos de Tróia”, tendo em conta que há células adormecidas afins à expansão do caos que a qualquer momento se poderão juntar ao que já está a descoberto.

Em Angola estão a descoberto o Protectorado Da Lunda-Tchokwe, os “15+2” e um fluído de tendências que se reúnem à volta do mercenário Rafael Marques de Morais, mas há células jihadistas que ainda não foram devidamente referenciadas nem caracterizadas, quer nas moles urbanas do país, quer no vale do Cuango.

Por outro lado, apesar do processo de Kimberley ser uma tentativa de harmonização promotora de paz que envolve produtores, comerciantes e lapidadores no sector dos diamantes, muita perspicácia e atenção deve haver quer com a evolução interna em Angola, quer com o exercício que os Emiratos Árabes Unidos vão fazer, pois o sector não está imune a cumplicidades com a expansão jihadista, inclusive ao nível financeiro e não só a coberto de branqueamento de capitais.

O preço do barril de petróleo, reflecte interesses coligados dos Estados Unidos com a Arábia Saudita e afins e o caso do contrabando de petróleo sírio e iraquiano feito em primeira mão com a cumplicidade co clã Erdogan pelos jihadistas do auto proclamado Estado islâmico, é já uma das páginas mais tenebrosas desse grande jogo.

Em Moçambique o “cavalo de Tróia” declarado é a RENAMO, cujo líder procura um artifício para dividir o país, enquanto espera meio escondido na Gorongoza, pelo socorro que pode chegar do exterior, tendo em conta que o jihadismo terrorista tem razoáveis capacidades de expansão para sul junto à costa do Índico.

A IIIª Guerra Mundial veio para ficar, provavelmente, (se não se chegar ao conflito nuclear que pode provocar o fim da humanidade e o equilíbrio do planeta que habitamos), durante as próximas décadas.

Foto: dois dos que estão “behind the scenes” que catapultam a IIIª Guerra Mundial

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