Martinho Júnior, Luanda
1
– Os últimos acontecimentos na Síria comportam um conjunto de indicadores que
nos remetem para um ambiente de IIIª Guerra Mundial, cuja progressão inevitável
está em marcha.
Neste
momento:
-
Há três continentes já afectados pelo espectro do terrorismo: Ásia, África e
Europa, assim como recrutamentos iniciais de jihadistas na América.
O
único continente capaz de controlar a contaminação, em razão das possibilidades
de gerência do seu isolamento físico-geográfico, é a Oceânia (Austrália);
-
O combate ao terrorismo elevou a fasquia da panóplia de meios bélicos no teatro
de operações, começando a enquadrar meios estratégicos uma vez que os meios
tácticos se estão a tornar insuficientes perante a escalada de riscos e de
ameaças, tendo em conta a descoberta das cumplicidades;
-
A espiral de violência que não tendo sido possível controlar, possui
geométricas potencialidades de progressão, em função de cumplicidades em
relação ao terrorismo jihadista, que pouco a pouco se vão desvendando, à medida
que se vão descobrir as linhas financeiras que sustentam o terrorismo.
Neste
aspecto, uma parte das oligarquias e elites europeias têm laços de cumplicidade
com os jihadistas e seus artifícios (como por exemplo o Estados Islâmico, ou o
Iémen), por que, para além dos interesses financeiros, estão envolvidas em
negócios de armamento e de petróleo com mentores fulcrais do jihadismo: a
Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia.
É
evidente que isso reflecte-se já na própria NATO que começa a colocar-se
perante dilemas internos, face ao desmascaramento progressivo do clã Erdogan (a
Turquia é membro da NATO).
2
– O enquadramento do conflito vai obrigar a uma polarização entre os que
advogam a hegemonia unipolar e as emergências multipolares, com reflexos em
todo o planeta: nenhum país, nenhum estado, nenhuma nação, nenhum povo poderá
ficar indiferente perante essa tendência, pelo que paulatinamente procurarão
enquadrar-se numa dessas opções.
A
natureza e o carácter do jihadismo comprovam por via da constante provocação
expansionista dos seus próprios termos, que pouco a pouco, à medida que vão
sendo directa ou indirectamente atingidos, os que hoje se julgam imunes vão ser
obrigados a optar.
Mesmo
países como Angola, que por razões tão legítimas quão historicamente
justificáveis, advogam a paz global com mérito e iniciativas que visam
harmonizar, cultivar o diálogo e buscar amplos consensos, vão ter de mais cedo
ou mais tarde, optar.
3
– África tenderá a ser o continente mais sacrificado, a médio e longo prazos,
num quadro de IIIª Guerra Mundial desta natureza:
-
Os interesses da aristocracia financeira mundial que detém o poder sobre
inúmeros carteis e multinacionais, das oligarquias e elites norte-americanas e
europeias concomitantes, afectadas nas cumplicidades com o espectro jihadista,
são os mesmos que se propõem, via NATO/AFRICOM, ou por concertadas iniciativas,
ao exercício neo colonial;
-
A maior evidência vai para a África do Oeste e o Sahel, onde o “pré carré” da “FrançAfrique” é
avassaladoramente dominador, com plataformas escolhidas que alastram desde o
Senegal ao Djibouti.
A
expansão do jihadismo terrorista veio tacitamente fortalecer os processos de
domínio em todas as plataformas sob jurisdição do “pré carré” da “FrançAfrique”;
-
Outras evidências surgem em relação a estados susceptíveis de actuação
jihadista, como a Nigéria, os Camarões, o Chade e o Níger, a oeste, ou a
Somália, o Quénia e a Etiópia a leste.
Nesse
aspecto recordo as preocupações do Pentágono, antes até da criação do AFRICOM,
em relação à vulnerabilidade das fronteiras africanas decorrentes da
Conferência de Berlim.
Essa “preocupação” abre
a oportunidade para a tentação de redesenhar os mapas africanos, um projecto
afim ao Pentágono, conforme ao que tem sido demonstrado particularmente no
Sudão e no Mali, no que a África diz respeito;
-
Havendo progressão em África do jihadismo terrorista catapultado pela Arábia
Saudita, o Qatar e a panóplia dos seus aliados (que incluem membros da NATO e
os falcões de Israel e dos Estados Unidos), a acção dos jihadistas pode chegar
a afectar Angola e Moçambique, na África Austral.
4
– Em Angola e em Moçambique deve haver cada vez mais prevenção em relação a “cavalos
de Tróia”, tendo em conta que há células adormecidas afins à expansão do caos
que a qualquer momento se poderão juntar ao que já está a descoberto.
Em
Angola estão a descoberto o Protectorado Da Lunda-Tchokwe, os “15+2” e
um fluído de tendências que se reúnem à volta do mercenário Rafael Marques de
Morais, mas há células jihadistas que ainda não foram devidamente referenciadas
nem caracterizadas, quer nas moles urbanas do país, quer no vale do Cuango.
Por
outro lado, apesar do processo de Kimberley ser uma tentativa de harmonização
promotora de paz que envolve produtores, comerciantes e lapidadores no sector
dos diamantes, muita perspicácia e atenção deve haver quer com a evolução
interna em Angola, quer com o exercício que os Emiratos Árabes Unidos vão
fazer, pois o sector não está imune a cumplicidades com a expansão jihadista,
inclusive ao nível financeiro e não só a coberto de branqueamento de capitais.
O
preço do barril de petróleo, reflecte interesses coligados dos Estados Unidos
com a Arábia Saudita e afins e o caso do contrabando de petróleo sírio e
iraquiano feito em primeira mão com a cumplicidade co clã Erdogan pelos
jihadistas do auto proclamado Estado islâmico, é já uma das páginas mais
tenebrosas desse grande jogo.
Em
Moçambique o “cavalo de Tróia” declarado é a RENAMO, cujo líder
procura um artifício para dividir o país, enquanto espera meio escondido na
Gorongoza, pelo socorro que pode chegar do exterior, tendo em conta que o
jihadismo terrorista tem razoáveis capacidades de expansão para sul junto à
costa do Índico.
A
IIIª Guerra Mundial veio para ficar, provavelmente, (se não se chegar ao
conflito nuclear que pode provocar o fim da humanidade e o equilíbrio do
planeta que habitamos), durante as próximas décadas.
Foto:
dois dos que estão “behind the scenes” que catapultam a IIIª Guerra
Mundial
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