segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ANGOLA: CAMINHOS DO FUTURO (2)




Da mesma forma que a forma actual de dinheiro penetrou no mundo inteiro em cerca de 1 século, mudando por completo as vidas e aspirações dos indivíduos e das sociedades, a informação desloca-se por toda a parte e os seus efeitos são visíveis em todo o lado. A informação significa antes do mais um novo tipo de gestão e implica profundas alterações nas estruturas organizativas.

Até a um recente passado a matriz de qualquer estrutura organizacional era modelada e alicerçada na estrutura militar. Os níveis hierárquicos definiam os níveis de gestão (dos quais muitos nunca funcionavam, nem tomavam qualquer decisão, acabando por serem apenas amplificadores de sinais que se moviam para cima e para baixo, através da estrutura organizativa) e a rigidez da cadeia hierárquica, a sua verticalidade, era mantida, embora com diferentes variáveis. Esta estrutura vacilou e começou a demonstrar sinais de ineficiência quando a evolução dos níveis de conhecimento dos trabalhadores no aparelho económico, ou o progresso intelectual dos cidadãos, no plano politico, se tornaram socialmente assumidos.            O golpe fatal na estrutura hierarquizada foi dado pela utilização das novas tecnologias e pela introdução destas nas áreas produtivas ou nas áreas do conhecimento, do comércio, dos serviços, da educação e na própria estrutura militar, a estrutura matriz.

A soma destes três factores (conhecimento, consciência, tecnologia) conduziu á necessidade de sistematizar a inovação, a capacidade empreendedora e a criatividade. A estrutura organizacional vertical é, manifestamente, incapaz desta sistematização e aos poucos, horizontalizou-se. A matriz passou do exército á orquestra sinfónica. As sinfonias exigem a presença de centenas de instrumentistas, por vezes, cantores, que funcionam sem intermediários, sem escalões hierárquicos na circulação da informação. Estão organizados em torno da partitura (que é a mesma para todos) e funcionam coordenadamente em torno do maestro, o gestor de topo, numa estrutura plana, de livre circulação de informação.

Um dos requisitos da organização com base na informação é a importância de definir tarefas para evitar que se estabeleça a confusão. A orquestra, por exemplo, consegue actuar porque todos os músicos sabem o que estão a tocar. Contudo a performance de qualquer estrutura organizacional cria a sua própria partitura, ou muitas, á medida que progride, pelo que uma organização baseada na informação deve estruturar-se a si própria em torno de metas que expressem as suas expectativas e objectivos. Deve, ainda, existir um feedback estabelecido para que todos os membros possam exercer autocontrolo através da comparação das expectativas com os resultados realmente alcançados. Por último toda esta estrutura organizacional apenas poderá funcionar se existir clareza de direcção e uma liderança transparente e determinada, assente na soberania popular.

Angola - é sabido - atravessa um momento difícil na sua vida económica. Neste sentido são colocados, ao país, novos e maiores desafios. A incerta valoração das matérias-primas no mercado mundial colocam novas questões e obrigam a novas abordagens. O trabalho de reajustamento dos Programas e dos Planos de Acção é uma constante, sempre efectuado sob o signo da estabilidade e da protecção das condições de vida dos cidadãos angolanos. Sem descartar as responsabilidades e os erros, a actual crise tem, no entanto, muitas das suas fontes nas dinâmicas externas.

A economia-mundo actual é caracterizada pela pluralidade, pela busca de consenso, concertação, diálogo e pela cooperação entre Estados, nações, povos e/ou outras entidades. A prevalência da Razão e a tolerância são factores essenciais para a resolução dos inúmeros problemas que hoje afectam toda a Humanidade. A crise económica e financeira que atravessa, em diferentes níveis e com diferentes amplitudes a economia-mundo, é agravada pelo preocupante pulular de conflitos de diferentes intensidades, de âmbito local, sub-regional e regional e geradores de graves crises humanitárias. Urgem soluções abrangentes e inclusivas, que viabilizem alternativas estáveis e removam as causas dos problemas que a todos nos afectam.

A queda dos preços das matérias-primas constitui um dos factores recentes que mais afectam os esforços de desenvolvimento e modernização das economias africanas. Por outro lado os conflitos que afligem o continente obrigam-nos a todos nós, africanos, assumir a paz como prioridade e premissa principal para o progresso e desenvolvimento das economias africanas. A cooperação entre os povos do continente, a concertação entre os Estados africanos e a participação cidadã são factores necessários para a resolução dos problemas que afligem África.

Em Angola o factor da inovação é decisivo. A inovação tem como pilar central a liberdade de pensar e de escolher, de produzir e de consumir, ou seja, a liberdade para criar riqueza, liberdade que terá de ser associada á justiça da distribuição da riqueza criada. Inovar significa trabalho duro e sistemático, significa olhar as dificuldades como oportunidade de mudança, encarar a crise de frente e assumir uma atitude criativa e empreendedora. A inovação é o instrumento decisivo para a transformação da realidade existente e construção de uma sociedade mais justa, livre e democrática.

Quanto á questão da liderança clarificada, transparente e determinada (questão-chave para o livre fluxo da informação e para o aprofundamento da participação democrática e da autonomia cidadã) em Angola, tem um nome: José Eduardo dos Santos.

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