Da mesma forma que a forma actual de dinheiro penetrou no mundo inteiro em
cerca de 1 século, mudando por completo as vidas e aspirações dos indivíduos e
das sociedades, a informação desloca-se por toda a parte e os seus efeitos são
visíveis em todo o lado. A informação significa antes do mais um novo tipo de
gestão e implica profundas alterações nas estruturas organizativas.
Até a um recente passado a matriz de qualquer estrutura organizacional era
modelada e alicerçada na estrutura militar. Os níveis hierárquicos definiam os
níveis de gestão (dos quais muitos nunca funcionavam, nem tomavam qualquer
decisão, acabando por serem apenas amplificadores de sinais que se moviam para
cima e para baixo, através da estrutura organizativa) e a rigidez da cadeia
hierárquica, a sua verticalidade, era mantida, embora com diferentes variáveis.
Esta estrutura vacilou e começou a demonstrar sinais de ineficiência quando a
evolução dos níveis de conhecimento dos trabalhadores no aparelho económico, ou
o progresso intelectual dos cidadãos, no plano politico, se tornaram
socialmente assumidos.
O golpe fatal na
estrutura hierarquizada foi dado pela utilização das novas tecnologias e pela
introdução destas nas áreas produtivas ou nas áreas do conhecimento, do
comércio, dos serviços, da educação e na própria estrutura militar, a estrutura
matriz.
A soma destes três factores (conhecimento, consciência, tecnologia) conduziu á
necessidade de sistematizar a inovação, a capacidade empreendedora e a
criatividade. A estrutura organizacional vertical é, manifestamente, incapaz
desta sistematização e aos poucos, horizontalizou-se. A matriz passou do
exército á orquestra sinfónica. As sinfonias exigem a presença de centenas de
instrumentistas, por vezes, cantores, que funcionam sem intermediários, sem
escalões hierárquicos na circulação da informação. Estão organizados em torno
da partitura (que é a mesma para todos) e funcionam coordenadamente em torno do
maestro, o gestor de topo, numa estrutura plana, de livre circulação de
informação.
Um dos requisitos da organização com base na informação é a importância de
definir tarefas para evitar que se estabeleça a confusão. A orquestra, por
exemplo, consegue actuar porque todos os músicos sabem o que estão a tocar.
Contudo a performance de qualquer estrutura organizacional cria a sua própria
partitura, ou muitas, á medida que progride, pelo que uma organização baseada
na informação deve estruturar-se a si própria em torno de metas que expressem
as suas expectativas e objectivos. Deve, ainda, existir um feedback
estabelecido para que todos os membros possam exercer autocontrolo através da
comparação das expectativas com os resultados realmente alcançados. Por último
toda esta estrutura organizacional apenas poderá funcionar se existir clareza
de direcção e uma liderança transparente e determinada, assente na soberania
popular.
Angola - é sabido - atravessa um momento difícil na sua vida económica. Neste
sentido são colocados, ao país, novos e maiores desafios. A incerta valoração
das matérias-primas no mercado mundial colocam novas questões e obrigam a novas
abordagens. O trabalho de reajustamento dos Programas e dos Planos de Acção é
uma constante, sempre efectuado sob o signo da estabilidade e da protecção das
condições de vida dos cidadãos angolanos. Sem descartar as responsabilidades e
os erros, a actual crise tem, no entanto, muitas das suas fontes nas dinâmicas
externas.
A economia-mundo actual é caracterizada pela pluralidade, pela busca de
consenso, concertação, diálogo e pela cooperação entre Estados, nações, povos
e/ou outras entidades. A prevalência da Razão e a tolerância são factores
essenciais para a resolução dos inúmeros problemas que hoje afectam toda a Humanidade.
A crise económica e financeira que atravessa, em diferentes níveis e com
diferentes amplitudes a economia-mundo, é agravada pelo preocupante pulular de
conflitos de diferentes intensidades, de âmbito local, sub-regional e regional
e geradores de graves crises humanitárias. Urgem soluções abrangentes e
inclusivas, que viabilizem alternativas estáveis e removam as causas dos
problemas que a todos nos afectam.
A
queda dos preços das matérias-primas constitui um dos factores recentes que
mais afectam os esforços de desenvolvimento e modernização das economias
africanas. Por outro lado os conflitos que afligem o continente obrigam-nos a
todos nós, africanos, assumir a paz como prioridade e premissa principal para o
progresso e desenvolvimento das economias africanas. A cooperação entre os
povos do continente, a concertação entre os Estados africanos e a participação
cidadã são factores necessários para a resolução dos problemas que afligem
África.
Em
Angola o factor da inovação é decisivo. A inovação tem como pilar central a
liberdade de pensar e de escolher, de produzir e de consumir, ou seja, a
liberdade para criar riqueza, liberdade que terá de ser associada á justiça da
distribuição da riqueza criada. Inovar significa trabalho duro e sistemático,
significa olhar as dificuldades como oportunidade de mudança, encarar a crise
de frente e assumir uma atitude criativa e empreendedora. A inovação é o
instrumento decisivo para a transformação da realidade existente e construção
de uma sociedade mais justa, livre e democrática.
Quanto
á questão da liderança clarificada, transparente e determinada (questão-chave
para o livre fluxo da informação e para o aprofundamento da participação
democrática e da autonomia cidadã) em Angola, tem um nome: José Eduardo dos
Santos.
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