Nove
mil alunos de Morrumbala, na província da Zambézia, centro de Moçambique, podem
o ano letivo devido à crise política e militar entre o Governo e a Renamo,
informam hoje as autoridades locais, citadas pela Rádio Moçambique.
De
acordo com o porta-voz da direção provincial do Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano, Mahomed Ibraimo, o início do ano letivo, previsto para
fevereiro, está comprometido para nove mil crianças entre a primeira e a sétima
classe da localidade de Sabe, distrito de Morrumbala, devido ao clima de tensão
que se instalou na região, com a presença das forças de defesa e segurança e o
braço armado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de
oposição.
Morrumbala
foi recentemente um dos palcos das confrontações entre as forças de defesa e
segurança e o braço armado da Renamo, que anunciara no ano passado a instalação
de um quartel na região.
Mahomed
Ibraimo sublinhou que as aulas só se iniciarão após a melhoria das condições de
segurança, na medida em que o Ministério da Educação não quer colocar em risco
a vida dos alunos e professores.
Moçambique
vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do
país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O
líder da Renamo não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua
residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por
algumas horas, a sua guarda.
Nos
pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter
voltado para Sadjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam
a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das
forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.
A
Frelimo e a Renamo têm vindo a acusar-se mutuamente de rapto e assassínio dos
seus dirigentes.
A
Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e
da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há
vários meses.
O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para
se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais
nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da
Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela
oposição.
Na
quarta-feira o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por
desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira¬, e o seu guarda-costas
morreu no local.
EYAC
(AYAC/HB/PMA) // EL - Lusa
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