A
Frelimo lamentou hoje o baleamento do secretário-geral da Renamo, Manuel
Bissopo, na quarta-feira na Beira e insistiu na urgência do desarmamento da
maior força política de oposição.
“É mais uma acção criminosa que lamentamos
profundamente e condenamos naturalmente este tipo de acções que põe em causa a
integridade física dos cidadãos”, afirmou hoje à Lusa o porta-voz da Frelimo,
expressando votos de que Manuel Bissopo “melhore rapidamente e regresse ao
convívio da sua família e ao seu partido, para dar o seu contributo no trabalho
político da oposição”.
O
secretário-geral da Renamo foi baleado por desconhecidos no princípio da tarde
de quarta-feira na Beira, tendo o seu segurança morrido no local, e hoje
permanecia numa clínica privada naquela cidade em estado estacionário, segundo
fontes do partido de oposição.
Em
declarações à Lusa, a líder parlamentar da Renamo, Ivone Soares, considerou na
quarta-feira que o baleamento de Bissopo vem no seguimento de incidentes
anteriores com a comitiva do líder do seu partido, Afonso Dhlakama, no que
descreveu como um quadro de "terrorismo de estado".
Ivone
Soares atribui à Frelimo a autoria de todos os incidentes, acusando o partido
no poder de tentativas repetidas de assassínio dos dirigentes da maior força de
oposição.
Em
reacção, Damião José observou que se trata de acusações “infundadas e
precipitadas”, na medida em que o facto de Bissopo exercer funções na Renamo e
no parlamento como deputado não permite concluir que o crime de que foi alvo
tenha necessariamente motivações políticas.
“Quando
tudo corre mal na Renamo, o culpado é a Frelimo, até pelo fraco político que
desempenham, que nem existe, e pelos resultados desastrosos que têm tido em
todos os pleitos eleitorais”, declarou o porta-voz do partido no poder,
defendendo que Moçambique possui “instituições competentes capazes de
esclarecer as circunstâncias em que ocorreu mais um crime”.
Damião
José entende que as acusações da Renamo pretendem também “põr em causa a imagem
da Frelimo e denegrir os seus dirigentes e a credibilidade das instituições de
defesa e segurança”, sugerindo ao partido de oposição que “ponha a mão na
consciência” e entregue os seus homens armados.
“Nos
últimos temos, os próprios homens armados da Renamo - não sabemos a mando de
quem - têm estado a sequestrar cidadãos, alegadamente porque são membros do
partido Frelimo e são barbaramente assassinados”, afirmou Damião José,
realçando que a permanência de um braço militar na oposição “é estar do lado
errado da história” e demonstra o objetivo de “intimidar populações, assassinar
cidadãos, criar desestabilização nas comunidades e pôr em causa o trabalho do
Governo”.
Estabelecendo
uma relação entre a existência de homens armados da oposição e crimes recentes
no país, o porta-voz da Frelimo voltou a apelar para o “bom senso da Renamo”,
no sentido de autorizar que as armas sejam entregues e os seus homens
reintegrados nas forças de defesa e segurança, à luz do Acordo de Cessação de
Hostilidades Militares, que pôs termo em setembro de 2014 a 17 meses de
confrontações na região centro do país.
A
Frelimo e a Renamo têm vindo a acusar-se mutuamente de rapto e assassínio dos
seus dirigentes na província de Sofala e o próprio Manuel Bissopo tinha
dedicado uma conferência de imprensa a este assunto no dia em que foi baleado
na Beira.
Moçambique
vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do
país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O
dirigente da Renamo não é visto em público desde 09 de Outubro, quando a sua
residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por
algumas horas, a sua guarda.
Lusa
– Na foto: Manuel Bissopo
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