Uma
equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular (iMM) descobriu um
mecanismo através do qual o parasita da malária fica vulnerável à toxicidade do
ferro presente no corpo humano, impedindo-o de se multiplicar.
A
equipa do iMM Lisboa, liderada pela investigadora Maria Manuel Mota, que
publica hoje o seu estudo na revista Nature Communications, descobriu um novo
transportador de ferro que o parasita da malária tem, que se for bloqueado faz
com que esse nutriente se torne letal, o que abre portas para o desenvolvimento
de novos fármacos.
“O
ferro é essencial à vida, mas também é extremamente tóxico. É o que acontece no
nosso corpo, as células precisam de ferro e todos os organismos precisam de
ferro, mas quando ele está em excesso causa danos muito muito graves, e o
parasita da malária não é diferente disso: precisa de ferro mas se tiver em
excesso morre”, explicou à Lusa a investigadora.
O
que a investigação mostrou foi que este novo transportador é essencial ao parasita
para que este consiga armazenar o ferro que está a mais e guardá-lo num sítio
que não permite que se torne tóxico.
Esta
descoberta é “muito importante”, porque em determinadas circunstâncias o
parasita da malária pode estar em locais que tenham ferro em excesso, o que
pode fazer com que seja letal ou muito grave para o parasita.
“O
que nós mostramos é que se tivermos um parasita da malária que não tem este
transportador - nós conseguimos fazer um parasita que não tem este
transportador -, o que acontece é que este parasita não se consegue desenvolver
bem”, disse Maria Mota.
Para
esta investigação, a equipa de investigadores usou uma estirpe mutante de
levedura, na qual a sequência para uma determinada proteína transportadora de
ferro foi removida do DNA. Devido à incapacidade de produzir esta proteína
transportadora de ferro, a estirpe de levedura mutante não conseguiu crescer na
presença deste micronutriente.
Partindo
desta experiência, os investigadores criaram parasitas de malária mutantes a
que retiraram o gene da proteína em questão. Consequentemente, estes parasitas
continham um teor de ferro elevado dentro dos glóbulos vermelhos, o que, devido
à sua toxicidade, resultou num número reduzido de parasitas.
O
impacto desta descoberta para o futuro é conseguir desenvolver fármacos que
consigam inibir este transportador.
“Se
bloquearmos este transportador, o parasita vai começar a acumular ferro, o que
o torna tóxico, e não se vai conseguir desenvolver bem”, acrescentou.
Por
outro lado há já fármacos que estão dependentes dos níveis de ferro.
Por
isso, um dos estudos a serem desenvolvidos a seguir “é ver como a presença ou
não deste transportador afeta a função e a eficiência desses fármacos”.
Nuno
Noronha – Lusa
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