domingo, 14 de fevereiro de 2016

Obiang. PR da Guiné Equatorial avisa que são proibidas reuniões públicas antes das presidenciais



O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, apelou ao respeito pelas regras democráticas para garantir a transparência das eleições presidenciais, previstas para este ano, e avisou que estão proibidas "as reuniões públicas em forma de campanha eleitoral".

Num discurso na abertura das sessões do parlamento, em Bata, na parte continental do país, o Presidente equato-guineense recordou que este ato ocorre "pouco antes de um processo político muito importante, que são as eleições presidenciais, nas quais o povo da Guiné Equatorial deve eleger a pessoa que, na sua opinião, pode dirigir os destinos" do país nos próximos sete anos.

Obiang Nguema, no poder desde 1979, vai recandidatar-se à chefia do Estado nas próximas presidenciais, inicialmente previstas para novembro de 2015, mas que foram adiadas para data ainda a definir, embora a imprensa local, oficial, as aponte para junho próximo.

"É muito importante que, tanto os atores políticos como a população em geral, conheçam e respeitem as regras do jogo democrático, para permitir a transparência das eleições e o ambiente de paz e harmonia que caracterizam o nosso país", defendeu o chefe de Estado, hoje citado pelo gabinete de informação e imprensa da Guiné Equatorial, na sua página na Internet.

Além disso, o Presidente advertiu que, durante o processo eleitoral, "não estarão permitidas as reuniões públicas em forma de campanha eleitoral".

Na sua intervenção, Teodoro Obiang Nguema recomendou paz, serenidade e reflexão ao povo equato-guineense e "referiu várias disposições de caráter político-administrativo que configuram um Estado moderno e de Direito", menciona o comunicado.

"As disposições reguladoras das novas tecnologias são muito importantes para arbitrar o uso adequado destas tecnologias que, em muitas ocasiões, são utilizadas em prejuízo dos direitos fundamentais das pessoas", acrescentou.

Teodoro Obiang Nguema salientou que a "missão fundamental que a lei atribui ao parlamento é a sua possibilidade de legislar em representação do povo da Guiné Equatorial, que lhe transfere a sua soberania através do sufrágio universal, que se pratica no país conforme a Constituição" e, assim, é o parlamento que constrói "a arquitetura política ou o ordenamento jurídico que condiciona a vida do povo".

O Presidente referiu também que o continente africano está confrontado com "momentos difíceis, agravados pelo terrorismo e pirataria" e apontou a crise económica mundial, a corrupção e as epidemias como alguns dos problemas da atualidade.

A única forma de prevenir estes perigos é, salientou, preservar "os valores do Estado, a unidade e a justiça" e acrescentou: "Daí a importância de que o povo da Guiné Equatorial esteja atento ao primeiro surto interno que contrarie a nossa unidade nacional".

Nas duas últimas décadas, várias organizações de defesa dos direitos humanos têm criticado o regime de Obiang Nguema, acusando-o de "repressão violenta" de responsáveis da oposição política e de diferentes instituições independentes da sociedade civil e da comunicação social, bem como a dimensão da corrupção no país.

A Guiné Equatorial passou a integrar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

Em janeiro, a Frente da Oposição Democrática (FOD) da Guiné Equatorial, que junta três partidos, denunciou a ilegalidade do recenseamento eleitoral em curso com vista às eleições presidenciais deste ano.

Segundo a FOD, a lei "diz expressamente" que o processo de recenseamento eleitoral é "permanente" e que cabe à Direção Geral de Estatística do Ministério do Planeamento atualizar anual e automaticamente os cadernos.

"Não pode haver um recenseamento cada vez que se fazem eleições. O decreto [de novembro passado] do senhor Obiang [a determinar a realização de um recenseamento em janeiro] vai contra a Lei das Eleições Presidenciais, lei que foi promulgada pelo próprio Obiang Nguema", escreve a FOD no documento, defendendo que o valor de um decreto é inferior ao de uma lei.

A FOD, que agrupa a Força Democrática Republicana (FDR), União Popular (UP) e o Movimento de Autodeterminação da Ilha de Bioko (MAIB), acusa ainda o Presidente equato-guineense de "violação da lei", à semelhança do que, diz, "faz todos os dias".

JH/JSD // EL – Lusa, em 05.02.2016

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