Os
líderes dos dois maiores partidos cabo-verdianos arrancaram a campanha a pedir
maioria absoluta ao eleitores para as eleições de 20 de março, enquanto a
terceira força política assume como objetivo maior acabar com essas maiorias
Nos três dias que já levam de campanha, Janira Hopffer Almada (PAICV, no poder) e Ulisses Correia e Silva (MpD) repetem pedidos de maioria absoluta e afirmações de confiança na vitória.
Nos três dias que já levam de campanha, Janira Hopffer Almada (PAICV, no poder) e Ulisses Correia e Silva (MpD) repetem pedidos de maioria absoluta e afirmações de confiança na vitória.
Os
dois líderes têm medido forças e testado a mobilização de apoiantes na ilha de
Santiago, onde desde quinta-feira, mantêm contactos com a população, encontros
setoriais e comícios.
Janira
Hopffer Almada, que deu o pontapé de saída da campanha com uma marcha da
"onda amarela" (cor escolhida para a campanha), assumiu estar a
trabalhar para a maioria absoluta e pediu o empenhamento de todos os militantes
e amigos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) para
conseguir esse objetivo.
A
líder, que tem podido contar nas ações de campanha com várias personalidades do
PAICV e elementos do atual Governo, como a ministra da Saúde e sua adversária
nas eleições internas do partido, Cristina Fontes Lima.
No
sábado, durante uma caminhada com mulheres na cidade da Praia, a líder disse
sentir-se "imbatível" com o apoio das "melhores mulheres do
mundo", as cabo-verdianas.
A
questão do género tinha já entrado na campanha na sexta-feira, no primeiro
grande comício-festa, no bairro de Ponta D' Água, onde aquela que é a primeira
mulher a liderar um partido cabo-verdiano e a primeira candidata a
primeira-ministra pediu a confiança das mulheres.
"A
minha luta é a vossa. Estou a candidatar-me para mostrar que as mulheres
cabo-verdianas têm capacidade de fazer um bom trabalho", disse.
Sempre
a puxar pelo trabalho de 15 anos do Governo do PAICV que, defendeu, preparou o
país para uma nova fase de crescimento da economia e criação de emprego, pediu
maioria absoluta para dar continuidade a esse trabalho.
Também
o presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, quer
maioria absoluta para "formar Governo com tranquilidade".
O
pedido foi feito logo no primeiro comício do partido, na sexta-feira, no bairro
Achada de Santo António.
O
partido, que adotou como cor de campanha o vermelho, quer contrapor à
"onda amarela" do PAICV, uma "onda de mudança" e mostra-se
convencido de que a vitória é garantida.
Ulisses
contesta os 15 anos de governação do PAICV, que, entende, se baseou na partidarização
da administração pública e criou "situações extremas", por exemplo,
em matéria de segurança, que assume como prioridade da sua governação.
Os
dois líderes fizeram, no sábado, incursões ao interior da ilha de Santiago, ao
município de Santa Catarina, o segundo mais importante em termos de votos na
ilha, de onde é natural o atual primeiro-ministro, José Maria Neves.
Hoje,
Janira Hopffer Almada continua em Santiago e participa ao final do dia em dois
comícios na Praia, enquanto Ulisses Correia e Silva fará campanha em S.
Vicente, onde o líder da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID),
António Monteiro, está já no terreno desde sexta-feira.
O
líder da UCID, que acredita ser possível acabar com o ciclo de maiorias
absolutas no parlamento, elevou a fasquia, num comício, no sábado, em Fonte
Inglês, São Vicente, e pediu "uma oportunidade" para ser o próximo
primeiro-ministro.
Acusando
o toque de Janira Hopffer Almada, que no debate televisivo a dois questionou a
sua preparação para liderar um eventual Governo, António Monteiro diz que
"nada deve em competência" aos candidatos dos outros dois partidos.
"Não
fazem melhor política, nem colocam mais coração na política", disse
Monteiro, para quem, no dia 20 de março, "não há outra escolha que não seja
a UCID".
"Se
querem continuar na mesma, então escolham os outros partidos, mas não venham
reclamar depois", disse.
No
primeiro comício em São Vicente, na sexta-feira, no Chapim, António Monteiro
tinha já mandado um recado à líder do PAICV, que no debate, o acusou de não
falar português corretamente.
"Aqui
não é terra de Camões, a nossa língua é o crioulo e se ela quer que todos
falemos o português de Camões então agora é que são elas", disse Monteiro.
A
resposta do PAICV à UCID chegou pela boca do cabeça-de-lista por São Vicente,
Manuel Inocêncio Sousa, para quem a UCID mais não é que um "pequeno
partido", limitado à ilha de São Vicente, que quer uma "boleia para
chegar ao Governo" e para abrir caminho à instabilidade governativa.
As
eleições legislativas em Cabo Verde realizam-se a 20 de março e concorrem seis
partidos.
CFF
// VM - Lusa
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