domingo, 6 de março de 2016

Cabo Verde. Eleições. Dois maiores partidos pedem maiorias absolutas, terceiro quer acabar com elas



Os líderes dos dois maiores partidos cabo-verdianos arrancaram a campanha a pedir maioria absoluta ao eleitores para as eleições de 20 de março, enquanto a terceira força política assume como objetivo maior acabar com essas maiorias

Nos três dias que já levam de campanha, Janira Hopffer Almada (PAICV, no poder) e Ulisses Correia e Silva (MpD) repetem pedidos de maioria absoluta e afirmações de confiança na vitória.

Os dois líderes têm medido forças e testado a mobilização de apoiantes na ilha de Santiago, onde desde quinta-feira, mantêm contactos com a população, encontros setoriais e comícios.

Janira Hopffer Almada, que deu o pontapé de saída da campanha com uma marcha da "onda amarela" (cor escolhida para a campanha), assumiu estar a trabalhar para a maioria absoluta e pediu o empenhamento de todos os militantes e amigos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) para conseguir esse objetivo.

A líder, que tem podido contar nas ações de campanha com várias personalidades do PAICV e elementos do atual Governo, como a ministra da Saúde e sua adversária nas eleições internas do partido, Cristina Fontes Lima.

No sábado, durante uma caminhada com mulheres na cidade da Praia, a líder disse sentir-se "imbatível" com o apoio das "melhores mulheres do mundo", as cabo-verdianas.

A questão do género tinha já entrado na campanha na sexta-feira, no primeiro grande comício-festa, no bairro de Ponta D' Água, onde aquela que é a primeira mulher a liderar um partido cabo-verdiano e a primeira candidata a primeira-ministra pediu a confiança das mulheres.

"A minha luta é a vossa. Estou a candidatar-me para mostrar que as mulheres cabo-verdianas têm capacidade de fazer um bom trabalho", disse.

Sempre a puxar pelo trabalho de 15 anos do Governo do PAICV que, defendeu, preparou o país para uma nova fase de crescimento da economia e criação de emprego, pediu maioria absoluta para dar continuidade a esse trabalho.

Também o presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, quer maioria absoluta para "formar Governo com tranquilidade".

O pedido foi feito logo no primeiro comício do partido, na sexta-feira, no bairro Achada de Santo António.

O partido, que adotou como cor de campanha o vermelho, quer contrapor à "onda amarela" do PAICV, uma "onda de mudança" e mostra-se convencido de que a vitória é garantida.

Ulisses contesta os 15 anos de governação do PAICV, que, entende, se baseou na partidarização da administração pública e criou "situações extremas", por exemplo, em matéria de segurança, que assume como prioridade da sua governação.

Os dois líderes fizeram, no sábado, incursões ao interior da ilha de Santiago, ao município de Santa Catarina, o segundo mais importante em termos de votos na ilha, de onde é natural o atual primeiro-ministro, José Maria Neves.

Hoje, Janira Hopffer Almada continua em Santiago e participa ao final do dia em dois comícios na Praia, enquanto Ulisses Correia e Silva fará campanha em S. Vicente, onde o líder da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, está já no terreno desde sexta-feira.

O líder da UCID, que acredita ser possível acabar com o ciclo de maiorias absolutas no parlamento, elevou a fasquia, num comício, no sábado, em Fonte Inglês, São Vicente, e pediu "uma oportunidade" para ser o próximo primeiro-ministro.

Acusando o toque de Janira Hopffer Almada, que no debate televisivo a dois questionou a sua preparação para liderar um eventual Governo, António Monteiro diz que "nada deve em competência" aos candidatos dos outros dois partidos.

"Não fazem melhor política, nem colocam mais coração na política", disse Monteiro, para quem, no dia 20 de março, "não há outra escolha que não seja a UCID".

"Se querem continuar na mesma, então escolham os outros partidos, mas não venham reclamar depois", disse.

No primeiro comício em São Vicente, na sexta-feira, no Chapim, António Monteiro tinha já mandado um recado à líder do PAICV, que no debate, o acusou de não falar português corretamente.

"Aqui não é terra de Camões, a nossa língua é o crioulo e se ela quer que todos falemos o português de Camões então agora é que são elas", disse Monteiro.

A resposta do PAICV à UCID chegou pela boca do cabeça-de-lista por São Vicente, Manuel Inocêncio Sousa, para quem a UCID mais não é que um "pequeno partido", limitado à ilha de São Vicente, que quer uma "boleia para chegar ao Governo" e para abrir caminho à instabilidade governativa.

As eleições legislativas em Cabo Verde realizam-se a 20 de março e concorrem seis partidos.

CFF // VM - Lusa

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