O
Presidente da República dirigiu um convite ao líder da Renamo para a retoma do
diálogo e pediu ao maior partido de oposição "máxima urgência" na
designação dos seus representantes para preparar um encontro ao mais alto
nível.
"O
Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, em cumprimento das decisões do
Conselho Nacional de Defesa e Segurança, endereçou um convite ao presidente da
Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], Afonso Dhlakama, para a retoma do
diálogo ao mais alto nível, visando encontrar os melhores caminhos para
restaurar a paz e prosseguimento do caminho do desenvolvimento", adianta a
Presidência num comunicado enviado hoje à Lusa.
A
carta, segundo a nota da Presidência, decorre da reunião, a 24 de Fevereiro, do
Conselho Nacional de Defesa e Segurança, que determinou a continuação dos
esforços do chefe de Estado para a retoma do diálogo com o líder do maior
partido de oposição.
No
convite, o chefe de Estado solicita "máxima urgência possível" na
designação dos representantes da Renamo para o regresso ao diálogo.
Do
seu lado, Filipe Nyusi designou Jacinto Veloso, membro do Conselho Nacional de
Defesa e Segurança, Maria Benvinda Levi, conselheira do Presidente da
República, e Alves Muteque, quadro da Presidência, para a preparação do
encontro com Dhlakama.
Contactado
pela Lusa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, disse que, até ao fim da
tarde de hoje, a carta não tinha ainda entrado no expediente do partido.
Evitando
tecer comentários sobre o convite, António Muchanga disse que, quando o
documento estiver na posse da Renamo, será enviado para Afonso Dhlakama, não
prevendo nenhuma resposta antes de segunda-feira.
A
iniciativa da Presidência ocorre no mesmo dia em que o líder da Renamo acusou o
Governo de preparar uma ofensiva em grande escala, deixando, ao mesmo tempo, a
sua disponibilidade para negociar.
Em
comunicado enviado à Lusa, o gabinete de Afonso Dhlakama acusa o Governo de ter
mobilizado 4.500 membros das forças de defesa e segurança para as províncias de
Manica e Sofala, centro do país, uma região de forte implantação do movimento.
"A
concentração tem como objetivo realizar uma mega ofensiva nos distritos das
províncias de Manica e Sofala para impedir a implantação do Governo da
Renamo", diz a nota de imprensa, aludindo à ameaça do principal partido de
oposição de governar nas seis províncias onde reivindica vitórias nas eleições
gerais de 2014.
A
Renamo alega que o desdobramento do exército e da polícia moçambicana
estende-se a outros pontos do país e considera que uma suposta ofensiva
colocará em risco vidas humanas e bens materiais.
"A
presidência da Renamo reitera a sua disponibilidade em dialogar com o Governo
da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder] de forma
séria e responsável de modo a ultrapassar a actual crise político-militar, que
já provocou milhares de refugiados", afirma-se no texto.
A
situação político-militar em Moçambique tem vindo a deteriorar-se, com
acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios de dirigentes
políticos.
Nas
últimas semanas, foram registados ataques a colunas de veículos civis
escoltadas pelos militares atribuídos à Renamo, em dois troços da principal
estrada do país, na província de Sofala, centro do país.
Apesar
de o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, reiterarem a sua disponibilidade para o diálogo, o processo negocial
entre o Governo e o principal partido de oposição mantém-se bloqueado há vários
meses.
HB
(PMA) // PJA - Lusa
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