O
senhor La Palisse da CIP falou ao Diário Económico e o Expresso parcialmente publicou. Basta agarrar no
título para aquilatar o estilo de tal exemplar de barriga a abarrotar com tudo
do bom e do melhor em detrimento dos que nada têm embora trabalhem no duro por
uma vida inteira. O patrão da CIP usa as casas, o mobiliário, as piscinas
privadas e exibe a sua ostentação como se nada deva aos que em somenos importância
construíram aqueles seus ultra-confortos com salários de miséria em que numa vida não
auferem o que o patrão da CIP aufere em cinco ou dez anos. Provavelmente até em
menos tempo.
O
patrão da CIP viaja pelas estradas de Portugal e atravessa rios em pontes
seguras construídas com o esforço dos operários mal remunerados e até algumas
vezes com a perda das suas vidas, hipoteticamente compensadas por um seguro de
miséria destinado à viúva e aos filhos. O patrão de CIP declara que “Mais vale
ter trabalho precário do que desemprego”. Esse tal trabalho precário que de um
segundo para o outro deixa de ser precário para significar desemprego. O
presidente da CIP adora certamente trazer os escravos tementes à entidade
patronal com o trabalho precário, que são na atualidade as modernas grilhetas.
E
o homenzinho afirma isso mesmo com o maior dos desplantes e total ausência de
sentimentos e humanidade, como uma verdade de La Palisse e como algo bom,
quando não é.
O
trabalho precário está a ser destinado aos seres humanos que as entidades
patronais usufruem como algo que lhes permite reprimir os trabalhadores através
da instabilidade que esse mesmo trabalho precário tem por objetivo. Veja-se que
os empregadores estão a utilizar o trabalho precário em postos de trabalho onde
precisam permanentemente de empregados. Logo não deviam ser empregos precários
mas sim efetivos, pois a permanência daqueles empregados naquele posto ou
postos de trabalho é necessária ou são necessárias. Os empregadores aproveitam-se
abusivamente é da modalidade de trabalho precário e fazem com que empregados
cumpram mais de 50 horas de trabalho por semana, com um único dia de folga, por
mais 60 ou 80 euros mensais, a somar ao salário mínimo nacional. Onde é que tal
acontece? Pois, para já, na industria hoteleira e restauração, no comércio e serviços, em fábricas
(algumas) de menor destaque e visibilidade. Noutras atividades também.
O sujeito La Palisse
da CIP disse que é melhor qualquer “coisinha” do que não ter “coisinha” alguma.
Só que essa coisinha é instabilidade, é escravidão, é repressão, é fascismo
empresarial exercido sobre os que têm de mal-vender e sujeitar a sua força
de trabalho a Exploração desenfreada. Uma máquina é muito mais bem tratada que um ser humano à mercê
destes modernos esclavagistas.
Evidencie-se esta declaração na referida entrevista: "Para o presidente da CIP, “numa situação como aquela em que está a economia”, é preferível “ter um contrato a termo, com regras e respeito pelo ser humano, do que ter mais um desempregado”.
Diz ele "regras e respeito pelo ser humano". Mas então este senhor La Palisse não sabe o que acontece? Não sabe que o trabalho precário se destina a tementes de perderem o emprego (precário) e que se sujeitam a desumanidades sem as denunciarem por terem por certo que a seguir vão mais depressa para o desemprego total?
Ou o patrão da CIP recheia a entrevista com "humanidades" só para ficar bem na "fotografia"? Só pode.
Contrata-se um empregado. Acaba o curto contrato e vai embora. Admite-se outro... E assim sucessivamente por toda a vida, se quiserem. Fora os trabalhadores que estão no limbo de forma ilegal, mas estão. Onde está a humanidade? Já para não referir novamente e mais longamente as tropelias que empregadores exercem desumanamente sobre empregados. Queixam-se a quem? A legislação é que devia ser imensamente restritiva para acabar com os abusos, com as grilhetas que é o trabalho precário. Pois, mas é melhor assim do que nada. Isso tem um nome: sacanagem.
Aquele
“democrata” humanóide da CIP faz lembrar a variação de um slogan publicitário
que em tempos estava na berra: “o sacana mostra a sua raça”.
Redação
PG / MM
Presidente
da CIP: “Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”
Quanto
ao salário dos políticos, António Saraiva defende que recebem “mal” ou “muito
mal”. Por isso, entende que o cenário mais justo seria que recebessem “de
acordo com o desempenho” e responsabilidades atribuídas
Existe
demasiado trabalho precário em Portugal, assume António Saraiva, presidente da
CIP - Confederação Empresarial de Portugual, em entrevista ao
“Diário Económico” esta segunda-feira. Mas, mesmo assim, afirma que “mais vale
ter trabalho precário do que desemprego”. Para o presidente da CIP, “numa
situação como aquela em que está a economia”, é preferível “ter um contrato a
termo, com regras e respeito pelo ser humano, do que ter mais um desempregado”.
António
Saraiva, que afirma estar disponível para ser reconduzido a um terceiro mandato
na CIP, diz também que os capitais desajustados é um dos principais problemas
para as empresas. Por isso, defende a necessidade de encontrar novos mecanismos
de financiamento. “O erro que detetamos neste Orçamento, entre outros, é que
focaliza demasiado no consumo e pouco no investimento e nas exportações ou na
troca de importações por fabrico interno”, sustenta.
Relativamente
ao Orçamento do Estado para 2016, diz estar expectante. Se não correr tudo bem,
acredita que vão ser lançados mais impostos. “Se não for por aumento de IVA,
será por outro imposto qualquer”, acredita.
Quanto
ao novo emprego de Maria Luís Albuquerque, António Saraiva acha que a
ex-ministra não devia ter aceitado a oferta da empresa britânica Arrow Global.
“Em termos éticos, se fosse eu não o faria, porque acho que é um mau sinal.”
Mas
para lá das questões de ética, para o presidente da CIP esta escolha de Maria
Luís Albuquerque deve-se ao facto dos políticos ganharem “mal” ou “muito mal”.
“Pelo serviço público, pela alta responsabilidade a que essas pessoas são
chamadas, entendo que a sociedade devia ter, tal como existe nas empresas, uma
definição de política salarial, uma comissão de remunerações que pagasse de
acordo com o desempenho e a responsabilidade e que fosse transparente e aceite
por todos”, afirma ao matutino económico.
Fábio
Monteiro – Expresso – Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
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