Um
em cada quatro professores trabalha em situação precária, segundo um
levantamento feito pela Fenprof, que alertou para o caso de docentes do ensino
superior com ordenados de 500 euros.
"Existem
53.158 professores em situação de precariedade", num universo de quase 200
mil, revelou, esta segunda-feira, o secretário-geral da Federação Nacional de
Professores (Fenprof), Mário Nogueira, referindo-se aos docentes das escolas
públicas mas também das privadas, desde o pré-escolar ao ensino superior.
É
entre os educadores de infância e professores que dão aulas a alunos do ensino
básico e secundário que existem mais casos de precariedade: são 16.273 docentes
com contratos de trabalho.
Num
universo de 120 mil docentes, estes 16 mil contratados representam "uma
taxa de precariedade de 13,47%", sublinhou Mário Nogueira.
Cristela
Rodrigues, de 35 anos, e Estela Esteves, de 47, são dois casos de professoras
que deram o seu testemunho e revelaram pormenores da precariedade da profissão:
Cristela tem 12 contratos anuais, Estela 19, e ambas continuam a ser colocadas
longe de casa, ano após anos.
Segundo
Mário Nogueira, existem mais de nove mil professores contratados com, pelo
menos, dez anos de serviço e outros 300 na mesma situação e que dão aulas há
mais de 20 anos.
Mas
é entre os docentes do ensino superior que se encontram as mais elevadas taxas
de precariedade, segundo Tiago Dias, representante da Fenprof responsável pelo
Ensino Superior, que disse, esta segunda-feira, que a precariedade afeta metade
dos professores dos politécnicos.
No
passado ano letivo, existiam 7.281 professores a dar aulas nos institutos
politécnicos e 11.735 nas universidades.
"A
taxa de precariedade nas universidades é de 30% e nos politécnicos é de mais de
50%", contou Tiago Dias, dizendo que existem, respetivamente, cerca de
3.520 e 3.640 docentes precários.
"Há
professores a quem estão a fazer contratos de três ou quatro meses e depois são
renovados", denunciou o responsável da Fenprof, dizendo ainda que existem
muitos docentes que estão a "auferir qualquer coisa como 500 euros por
mês".
No
ensino superior privado, o cenário traçado por Tiago Dias é ainda mais gravoso:
"É muito pior. Não há regras. 66% dos professores estão a recibos
verdes".
Para
Mário Nogueira, a precariedade é "um problema dos professores, mas é
também um problema social e das escolas, que afeta a organização das escolas
mas também a qualidade do ensino".
Jornal
de Notícias – Foto: Paulo Novais / Lusa
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