A
obesidade e outras formas de hiperalimentação foram responsáveis pela morte de
210 pessoas em 2013 e, no mesmo ano, 71 pessoas morreram devido a desnutrição e
outras deficiências nutricionais, segundo dados da Direção Geral da Saúde (DGS).
De
acordo com o relatório "Portugal -- Alimentação Saudável em Números
2015", que é hoje apresentado em Lisboa, registou-se um "forte
crescimento do número de utentes com registo de obesidade e excesso de peso
(embora desigual por região) que poderá ser devido a diferentes fatores, entre
eles uma maior atenção dos profissionais de saúde a este fenómeno".
O
documento indica que, em 2014, existiam 620.769 utentes com registo de
obesidade. No mesmo ano, eram 497.167 os utentes com registo de excesso de
peso.
De
acordo com a Direção Geral da Saúde (DGS), "a questão das desigualdades
sociais e o seu impacto no acesso e consumo adequado de alimentos e
consequentemente no estado de saúde dos indivíduos parece assumir uma
importância ainda maior no atual contexto de crise económica que se faz sentir
na Europa e em particular em Portugal".
"É
de esperar que a atual situação de instabilidade económica, caracterizada pelas
elevadas taxas de desemprego, aumentos consideráveis ao nível da carga fiscal
com impacto também no que se refere ao preço dos alimentos e a redução de
salários e dos apoios sociais prestados pelo Estado, tenha um impacto
considerável nos índices de pobreza e desigualdades sociais em Portugal",
lê-se no sumário da publicação.
O
mesmo relatório refere que "Portugal mantém-se como um dos países europeus
com maior desigualdade na distribuição de rendimento e taxas mais elevadas de
risco de pobreza monetária, tendo nas últimas décadas a taxa de pobreza mantido
um nível elevado e relativamente estável".
"É
expectável que um período marcado por crescentes desigualdades na distribuição
de rendimento e por elevadas taxas de pobreza tenha um significativo impacto no
consumo alimentar e estado de saúde da população portuguesa, podendo estar
comprometida a garantia da segurança alimentar (food security) para um número
elevado de agregados familiares portugueses, isto é, a garantia do acesso a
alimentos em quantidade suficientes, seguros e nutricionalmente
adequados", prossegue o documento.
Os
autores do documento consideram que, tendo em conta que "a obesidade e
outras doenças crónicas, como as doenças cardiovasculares, cancro ou diabetes
estão claramente dependentes de uma alimentação saudável", o "
investimento na prevenção e promoção de hábitos alimentares saudáveis é
decisivo quando mais de 50% dos adultos Portugueses sofre de excesso de
peso".
"A
promoção de hábitos alimentares saudáveis exige trabalho concertado com outros
setores a médio prazo. Os serviços de saúde necessitam de se preparar melhor
para lidar de forma integrada com outros setores da sociedade na prevenção da
pandemia da obesidade e na promoção de hábitos alimentares saudáveis",
lê-se nas recomendações que constam do relatório.
A
DGS sublinha que "a alimentação de má qualidade afeta com maior intensidade
crianças, idosos e os grupos socioeconomicamente mais vulneráveis da nossa
população, aumentando as desigualdades em saúde. O investimento na promoção de
hábitos alimentares deverá permitir reduzir desigualdades em saúde".
No
entanto, este organismo refere que "a estabilização do crescimento da
obesidade e do aumento do peso corporal, medido através do Índice de Massa
Corporal, registado pelas crianças portuguesas nos últimos quatro anos é um dos
marcos assinalados pelo relatório".
"Ainda
assim, a proporção de crianças com excesso de peso em Portugal, acima da média
europeia, e a sua relação com as desigualdades sociais, mantêm-se no topo das
preocupações do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação
Saudável", indica a DGS.
Entre
os vários dados que constam do documento, a DGS destaca o facto de "os
hábitos alimentares inadequados dos portugueses constituírem o primeiro fator
de risco de perda de anos de vida".
"Estudos
internacionais apontam a má alimentação como responsável por 11,96% do total de
anos de vida prematuramente perdidos pelas mulheres portuguesas, percentagem
que sobe para 15,27% no sexo masculino. A obesidade e outras doenças crónicas,
como as doenças cardiovasculares, cancro ou diabetes estão claramente
dependentes de uma alimentação saudável", lê-se no sumário da publicação.
SMM
// SO - Lusa
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