A
presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) de
Moçambique, Graça Machel, afirmou hoje que o país está a ser mal visto, devido
a revelações sobre dívidas escondidas, defendendo a necessidade do
esclarecimento do escândalo.
"O
país está a ser mal visto, ainda não sabemos a totalidade da dívida que nós
temos, o primeiro passo é conhecer o volume da dívida, em que condições ela foi
feita, para se saber decidir como é que se vai lidar com ela", afirmou
Machel, falando hoje em Maputo, à margem de uma reunião internacional sobre
Saúde.
Insistindo
ser preocupante a situação de dívida de Moçambique, a presidente da FDC, que
foi ministra da Saúde no primeiro Governo moçambicano pós-independência, lançou
um apelo para que o país aposte na produção interna como forma de reduzir a
dependência em relação ao financiamento externo, alertando para o risco de uma
crise económica profunda.
Graça
Machel recordou que ainda há um mês Moçambique era visto como um país exemplar
e lamento que agora as notícias demonstrem o contrário.
"Agora
as notícias para o mundo é dizer que Moçambique é o pior exemplo que se podia
encontrar em matéria de contração e gestão de dívida", afirmou Graça
Machel.
O
primeiro-ministro moçambicano reconheceu na terça-feira à noite que o FMI não
tinha sido informado sobre um valor superior a mil milhões de dólares da dívida
externa de Moçambique, revelou o organismo, que vê nesta atitude um
"primeiro passo importante".
Carlos
Agostinho do Rosário reuniu-se com a diretora-geral do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Christine Lagarde, na terça-feira, em Washington.
"O
primeiro-ministro de Moçambique reconheceu que um montante superior a mil
milhões de dólares de sua dívida externa garantida pelo Governo não havia sido
anteriormente divulgado ao Fundo", informou o FMI, numa nota enviada à
agência Lusa.
Segundo
o Fundo, Christine Lagarde recebeu a divulgação destas informações por parte
das autoridades moçambicanas como um "primeiro passo importante".
Moçambique
vai fornecer mais informações e documentação de apoio ao longo dos próximos
dias para se poderem "apurar os factos e permitir que o Fundo efetue uma
avaliação completa", destacou o FMI.
"O
Fundo e Moçambique vão trabalhar juntos de forma construtiva para avaliar as
implicações macroeconómicas dessas informações e identificar passos para
restaurar a confiança", lê-se ainda na nota enviada à Lusa.
Segundo
informações veiculadas pela imprensa internacional, o dinheiro resultante das
dívidas que Maputo não declarou destinou-se à compra de equipamento de defesa
marítima, incluindo 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) para a proteção
da costa marítima, através da empresa Proindicus, participada pelos serviços
secretos do país.
PMA
// EL - Lusa
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