O
Presidente da República Portuguesa vai realizar esta semana a sua primeira
grande visita de Estado, a Moçambique, país a que chama a sua "segunda
pátria" e com o qual tem uma história de praticamente meio século.
Marcelo
Rebelo de Sousa, 67 anos, conheceu Moçambique entre os 19 e os 20 anos, em
temporadas de férias dos estudos na Faculdade de Direito de Lisboa, durante o
mandato do seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, como governador-geral (1968-1970)
da então província ultramarina, em plena guerra colonial.
Nesse
período, nasceu a sua amizade com o pintor e poeta Malangatana, cujos quadros
encheriam a sua casa em Cascais.
"Recordar
como o conheci e como ficámos irmãos é recordar 1968 e o primeiro quadro,
comprado com a minha mesada de estudante do 2º. ano da universidade. Mais os
encontros em 1969 e 1970, em Lourenço Marques [atual Maputo] e em
Matalana", escreveu, quando soube da sua morte, em janeiro de 2011.
Duas
décadas depois do 25 de Abril de 1974 e da independência de Moçambique em 1975,
Marcelo Rebelo de Sousa visitou o país em funções políticas, como presidente do
PSD, ativo na defesa de uma política externa que desse primazia à relação com
os países de língua portuguesa, em detrimento da Europa.
Nessa
altura, outubro de 1996, cumpriam-se seis anos sobre a assinatura do Acordo
Geral de Paz entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e dois anos sobre as primeiras
eleições livres neste país africano. Marcelo Rebelo de Sousa quis "dar o
abraço do PSD a Moçambique" e celebrar "o tempo de democracia".
Em
Maputo, foi recebido por Joaquim Chissano, à época Presidente da República, mas
também se reuniu com Afonso Dhlakama - que passados estes 20 anos ainda lidera
a Renamo - e anunciou "memorandos de entendimento" para a cooperação
do PSD com os dois partidos moçambicanos.
Marcelo
Rebelo de Sousa afastou-se da vida partidária, mas continuou a deslocar-se
frequentemente a Moçambique, sobretudo para conferências e ações de intercâmbio
académico, na qualidade de professor universitário de Direito. Chegou a fazer
emissões dos seus programas de comentário televisivo a partir de Maputo.
A
última visita que fez foi há apenas cinco meses, em dezembro de 2015, já como
candidato a Presidente da República de Portugal, para participar no primeiro
Fórum Social e Económico de Moçambique.
"Quaisquer
que sejam as funções que assumirei no futuro, está presente em Moçambique um
tratamento privilegiado, um carinho especial e um entendimento natural que
passa por muita gente moçambicana, muita dela responsável, e pelo estreitamento
de relações entre países, instituições, economias, culturas e universidades",
declarou em entrevista à Lusa, na altura.
Referindo-se
à situação de crise político-militar entre o Governo da Frelimo e a oposição da
Renamo, o então candidato presidencial acrescentou: "É importante numa
situação como aquela que se vive haver amigos de Moçambique - e eu conto-me
entre os amigos de Moçambique - que podem, com o seu conhecimento da terra e da
gente, contribuir para um clima fundamental para que haja democracia,
desenvolvimento e paz".
IEL
// ZO - Lusa
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