O
secretário-geral do PCP defendeu que o Governo tem de rejeitar "as
ameaças de sanções" e "medidas de regressão" e que é hora de
dizer "basta de submissão" à União Europeia (UE) e ao euro.
"Da
União Europeia vêm as ameaças de sanções contra Portugal, a pretexto do défice
excessivo de 2015, e as exigências de medidas de regressão económica e
retrocesso social a decidir no próximo mês de julho. Um autêntico cerco ao
país", declarou Jerónimo de Sousa, durante um comício ao ar livre, em
Almada.
Em
seguida, o secretário-geral do PCP defendeu que "as ameaças e chantagens
têm de ser firmemente rejeitadas pelo Governo português" e afirmou:
"Está na hora de dizer basta, basta de submissão à União Europeia e aos
seus instrumentos de dominação".
"Este
país precisa de se libertar com urgência desse colete-de-forças que o impede de
se desenvolver: a submissão ao euro, a dominação monopolista da banca, a dívida
colossal, renegociando-a", acrescentou.
Num
discurso de cerca de meia hora, Jerónimo de Sousa fez um aparte para acusar
"os partidos derrotados", PSD e CDS-PP, "e outras forças de
direita revanchistas e reacionárias" de fazerem "renascer o discurso
bafiento de diabolização dos sindicatos e dos comunistas", numa
manifestação que considera de desespero.
"Herdeiros
de um anticomunismo serôdio, falam também em tom de ameaça, em nome de uma
maioria silenciosa, que uma direita autoritária, caceteira e golpista tentou
jogar contra a Revolução de Abril", considerou.
Quanto
à integração europeia, o secretário-geral do PCP argumentou que Portugal
"continua condicionado no seu crescimento, na resposta à criação de
emprego pelas amarras e sujeições das orientações e políticas da União Europeia
e do euro".
Por
outro lado, defendeu que Portugal é tratado "com sobranceria", como
"uma colónia", por organizações como a Comissão Europeia, o Banco
Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, e que "há dois pesos e
duas medidas" em matéria de punições.
"Não
houve para a Alemanha, nunca houve para a França", apontou.
A
este propósito, salientou que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude
Juncker, "questionado sobre a não aplicação das sanções à França por
défice excessivo, afirmou que o pacto não se aplica à França, porque é a
França".
"Se
não foi descuido, louvemos-lhe a sinceridade", comentou.
No
seu entender, Portugal "não pode aceitar a política de mão estendida ou a
posição de submisso-dependência, como se estivesse na União Europeia como está o
sobrinho pobre em casa de tia rica".
Neste
comício na Praça Professor Egas Moniz, em Almada, Jerónimo de Sousa pediu
"mais força ao PCP para resolver os problemas nacionais", alegando
que os comunistas estavam há anos "sozinhos nesta batalha", mas agora
já não.
"Nem
sequer nos compreendiam, com a sacralização e o endeusamento da União Europeia.
Hoje são cada vez mais os portugueses que reconhecem: o PCP tinha razão, o PCP
tem razão em relação a estas políticas da União Europeia", disse.
O
secretário-geral do PCP enquadrou as eventuais sanções da União Europeia como
parte de uma reação do "grande capital" contra a nova fase da vida
nacional que se iniciou com a alteração da composição da Assembleia da
República.
"Tinham
dado por adquirido para todo o sempre as medidas impostas de cortes, liquidação
de direitos destes últimos anos", sustentou, acrescentando que "aqui
não querem que o exemplo vingue".
"São
mestres na manipulação, na intriga, e quando não resultam tais métodos passam à
ameaça", reforçou.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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