@Verdade,
Editorial
Não
é preciso pendurarmo-nos nos relatórios lavrados no estrangeiro ou em alguns
escritórios em Maputo, cujos resultados, muitas vezes, dependem do humor dos
pseudo-especialistas ou consultores. Não é preciso escarafunchar estudos
produzidos num idioma tosco, que se confunde com a língua portuguesa.
Não
é preciso atermo-nos a documentos eivados de nada e de nenhuma coisa, para ter
a real dimensão da desgrenhada miséria em que vivem milhares de moçambicanos.
Basta apenas o Governo da Frelimo abandonar a modorra física, e os frequentes,
sucessivos e improdutivos seminários onde não faltam chávenas de café e
“salgadinhos”.
Basta
o Presidente da República abandonar o conforto do helicóptero e vir cá a baixo
ver o sofrimento dos moçambicanos. Basta derrubar as ameias ideológicas e
partidárias e revestir-se de sentimento pelos empobrecidos deste país. Basta o
Presidente da República e os seus títeres abandonarem o sossego e o conforto
dos gabinetes e andarem pelo país real para se depararem com a realidade mais obscena
sem precedentes.
Por
exemplo, nas comunidades dos distritos de Mecubúri e Nacarôa, na província de
Nampula, e Chiúre e Ancuabe, em Cabo Delgado, as populações clamam, dia e a
noite, por um furo de água para aliviar o seu penoso sofrimento. Querem apenas
um furo de água que não chega a custar mais de 200 mil meticais, muitíssimo
abaixo do valor que é gasto numa desnecessária Presidência Aberta.
Todos
os dias, as populações são obrigadas a consumir água imprópria e a recorrerem
aos rios, que muitas vezes ficam a mais de 10 quilómetros da sua habitação,
submetendo- se a grave risco de saúde pública. Aliado a isso, está a questão
relacionada com as unidades sanitárias. Dezenas de pessoas continuam a morrer
por doenças curáveis devido à falta de medicamentos, assistência médica e posto
de saúde a cinco quilómetros da sua comunidade.
No
início do mandato de Nyusi, a expectativa era de ver uma mudança profunda e
revolucionária nos ministérios de modo a melhorar a vida dos moçambicanos que
vivem nas zonas rurais. Até porque ele encheu a boca para dizer que o povo era
o seu patrão. Porém, pouco ou quase nada foi feito. É inaceitável que um país
rico em recursos naturais e minerais a maior parte da população tenha a sua
barriga torturada pela fome todos os dias.
Se
o Presidente da República quer ser recordado, deve ir para além do discurso,
das Presidências Abertas infecundas. Deve avançar muito mais com acções
concretas para, por exemplo, reduzir substancialmente a pobreza absoluta,
permitir que os moçambicanos tenham acesso à água e a saúde, para além de
mostrar transparência na sua governação. Espera-se acções que se traduzam na
redução da pobreza, em mais postos de trabalho, em mais hospitais, escolas,
estradas... e sobretudo no prato das famílias moçambicanos.
Sem comentários:
Enviar um comentário