domingo, 24 de julho de 2016

RAMOS-HORTA DIZ QUE GUINÉ EQUATORIAL NÃO FEZ MUITOS PROGRESSOS



O antigo Presidente timorense José Ramos-Horta considera que a Guiné Equatorial não tem feito "muitos progressos" desde que aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), há dois anos.

A Guiné Equatorial não tem feito “muitos progressos” desde que aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) há dois anos, considera José Ramos-Horta. O antigo presidente timorense e Nobel da Paz defendeu também que a organização deve mostrar “paciência, mas firmeza”.

“Não têm havido muitos progressos em resposta às expectativas da CPLP”, disse à Lusa Ramos-Horta, antigo Presidente (2007-2011) e primeiro-ministro (2006-2007) de Timor-Leste.

Para o Nobel da Paz (1996), “é preciso que a Guiné Equatorial responda a essas expectativas da CPLP e da comunidade internacional, no próprio interesse para a evolução positiva e pacífica da situação na Guiné Equatorial”.

A Guiné Equatorial entrou para a CPLP como membro de pleno direito a 23 de julho de 2014, na cimeira que decorreu em Díli e quando Timor-Leste assumiu a presidência rotativa da organização. A adesão pressupôs o respeito por um “roteiro” que incluía uma moratória sobre a pena de morte, tendo em vista a sua abolição, a promoção da língua portuguesa e uma maior abertura democrática.

José Ramos-Horta lamentou que, dois anos depois da adesão, as autoridades de Malabo não tenham ainda abolido a pena de morte.

“Somos totalmente contra a pena de morte. Timor-Leste não consegue conceber um país da CPLP onde ainda prevalece a pena de morte. Que haja uma moratória, muito bem, mas devia ser eliminada da Constituição da Guiné Equatorial”, sustentou.

Questionado sobre o que pode fazer a CPLP para acompanhar o mais recente membro, Ramos-Horta respondeu que deve fazê-lo “com paciência, com firmeza”.

O antigo governante timorense recordou que as relações entre Estados exigem uma gestão especial e que a CPLP “tem a sua própria forma de fazer as coisas, os seus mecanismos, e às vezes parece não ser muito produtivo, mas não é verdade”.

“Eu tenho essa experiência de muitos anos. Pode parecer não ter impacto, mas está a ter, sobretudo quando as abordagens são feitas com delicadeza, mas com firmeza”, acrescentou.

Ramos-Horta foi designado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, como seu representante na Guiné-Bissau, funções que desempenhou até ao ano passado.

O antigo Presidente timorense foi indicado pela presidência timorense como enviado especial da CPLP para a Guiné-Bissau e Guiné Equatorial, mas admitiu que não conseguiu “acompanhar de perto” este país, porque assumiu entretanto a presidência do Painel Independente de Alto Nível para as Operações de Paz.

Lusa, em Observador – Foto: Caroline Seidel / EPA

Sem comentários:

Mais lidas da semana