O
secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
Murade Murargy, considerou hoje que a Namíbia e o Uruguai "têm
condições" para solicitar a adesão à organização lusófona, com base nas
relações históricas e nos falantes de português.
Em
entrevista à Lusa a propósito dos 20 anos da comunidade, que se assinalam no
domingo, dia 17, Murade Murargy afirmou que "um dia, esses países que são
observadores vão pedir também" a adesão à CPLP como membros de pleno
direito.
O
secretário-executivo referia-se, em concreto, à Namíbia, país que é observador
associado da CPLP desde 2014 e onde há "uma grande comunidade que fala
português, até mais que noutros países" membros da CPLP.
Por
outro lado, a Namíbia tem "relações muito fortes" com Angola e
Moçambique, comentou o diplomata.
Outro
país que pode vir a pedir a adesão à comunidade lusófona é o Uruguai,
"usando os mesmos argumentos da Guiné Equatorial", ou seja, que foi
colonizado pelos portugueses antes de passar para a posse dos espanhóis,
considerou Murargy.
"[A
adesão pode acontecer] desde que comunguem dos nossos valores e que queiram
seguir os mesmos objetivos que a CPLP defende. Não podemos é descaracterizar a
CPLP", disse o secretário-executivo.
Questionado
sobre se a entrada da Guiné Equatorial, há dois anos, não descaracterizou a
organização, por se tratar de um país que fala, maioritariamente, espanhol,
Murade Murargy negou.
"A
nossa diferença é que somos muito unidos. Quem entra tem de se envolver nestes
valores, que achamos que são sagrados: língua, direitos humanos, democracia,
paz, estabilidade", defendeu.
O
Uruguai é um dos países que vai solicitar o estatuto de observador associado na
próxima cimeira da CPLP, que deverá decorrer no Brasil em novembro, a par da
Hungria e da República Checa.
Outros
países já manifestaram a intenção de apresentar também candidaturas a
observador associado, nomeadamente Itália, Eslováquia ou, na América do Sul,
Colômbia, México e Peru.
"Vários
povos vão unir-se cada vez mais, num estreitar de relações, também do ponto de
vista económico e cultural", salientou Murargy.
O
secretário-executivo comentou que, por vezes, os Estados da CPLP "não
sabem olhar-se ao espelho e os outros é que veem a importância" da
comunidade lusófona.
"Há
cada vez mais países que pretendem ser observadores associados da CPLP, porque
há um grande potencial económico", disse, referindo que estes Estados
pretendem fazer parcerias com a CPLP a nível económico e empresarial e também
no domínio da língua portuguesa.
A
CPLP, sustentou, "tornou-se um ponto de referência, todos os países querem
cooperar" com a organização.
A
comunidade foi criada a 17 de julho de 1996, integrando Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Após a sua
independência, Timor-Leste aderiu em 2002 e a Guiné Equatorial entrou em 2014.
Os
observadores associados podem participar, sem direito de voto, nas cimeiras de
chefes de Estado e de Governo e no Conselho de Ministros, bem como em reuniões
técnicas.
A
Guiné Equatorial e a República da Ilha Maurícia foram os dois primeiros países
a conquistar este estatuto, em 2006, seguindo-se o Senegal (2008). Namíbia,
Turquia e Japão tornaram-se observadores associados em 2014.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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