Primeiro-ministro
insiste que a aplicação de eventuais sanções a Portugal resulta do défice
registado no ano passado e afasta a adoção de medidas adicionais, alegando que
já não corrigirão o resultado de 2015
O primeiro-ministro
reiterou esta segunda-feira que as teses de que a execução orçamental de 2016
"está a correr bem" e que o Governo se baterá "até ao último
minuto" contra a aplicação de sanções a Portugal.
"Manteremos
com total serenidade a mesma determinação na execução orçamental de 2016, que,
como os números têm revelado, está a correr em linha com aquilo que foi
orçamentado, não exigindo nem medidas adicionais nem planos B", disse António
Costa aos jornalistas ao ser confrontado com a possibilidade de Bruxelas dar um
prazo de três semanas ao seu Governo para corrigir a evolução das contas
públicas relativas a este ano, colocando-as em linha com as regras inerentes ao
Tratado Orçamental da União Europeia.
No
domingo, a agência Reuters noticiou, citando uma fonte conhecedora do processo
que não identifica, que a Comissão Europeia deverá dar a Portugal e Espanha
três semanas, até 27 de julho, para apresentarem medidas que permitam vir a corrigir
os défices excessivos e evitarem assim sanções.
Neste
ponto, o primeiro-ministro contrapôs que, estando em causa apenas o exercício
orçamental do ano passado, "qualquer medida hoje adotada era insuscetível
de corrigir, quer do lado da despesa, quer do lado da receita, aquilo que foi o
orçamentado em 2015".
"A
avaliação de 2016, essa, a Comissão [Europeia] fá-lo-á, naturalmente, em
2017", completou o líder do executivo.
Já
sobre o teor da carta que enviará à Comissão Europeia para contestar a
aplicação de sanções ao país, tal como avançou esta segunda-feira o jornal
"Público", António Costa disse tratar-se de "correspondência
entre o Governo português e a Comissão Europeia".
Dirigindo-se
à jornalista que lhe fez a pergunta sobre o teor carta, o primeiro-ministro
referiu: "Uma carta que lhe escrevem é uma carta que o emissor lhe destina
a si, e eu não vou perguntar sobre as cartas que recebe".
Nas
suas declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro fez também questão de
frisar que a proposta de aplicação de eventuais sanções pela Comissão Europeia
não terá um efeito automático.
De
acordo com António Costa, feita a proposta pela Comissão Europeia, será depois
comunicada ao Ecofin, o Conselho de ministros das Finanças da União Europeia,
que, por sua vez, reunirá no próximo dia 12.
"Aí,
os senhores ministros tomarão a decisão se reconhecem ou não o incumprimento e
se, em função disso, devem ou não existir sanções. A seguir, há um prazo para
Portugal apresentar formalmente a sua argumentação e, finalmente, haverá uma
decisão", referiu.
Ou
seja, ainda em referência à notícia da Reuters, segundo o líder do executivo,
"ninguém deu três semanas a Portugal para corrigir o que é
incorrigível".
"O
que aconteceu em 2015 aconteceu em 2015, e já sabemos que, retirando todas as
medidas extraordinárias, quer as despesas extraordinárias como as do Banif,
quer as receitas extraordinárias como a antecipação de receitas de 2016 para
2015, o défice foi de 3,2%", declarou - aqui num ponto de clara demarcação
face às teses do PSD que insiste que o défice ficou pelos 3% no ano passado.
Em
suma, para o primeiro-ministro, o que agora está em causa nas instituições
europeias é saber se essa diferença de 0,2 pontos percentuais justifica ou não
a aplicação de sanções a Portugal.
"O
entendimento deste Governo, que é o entendimento que o Presidente da República
tem e que todos os partidos expressaram na Assembleia da República, é o de que
não faz sentido haver aplicação de sanções a Portugal. Gostaria que não nos
afastássemos desse consenso nacional e deste esforço nacional conjunto, porque
é do interesse do país que, independentemente de quem governou em 2015,
Portugal não seja sancionado", acrescentou.
Lusa,
em Expresso
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