João
de Sousa – Jornal Tornado, editorial
Para
se dedicar à mentira despudorada em full-time. Desorientado, perdeu o contacto
com a realidade. Hoje, além de alegar que o actual Governo "trucidou"
60 mil empregos veio ainda dar sugestões sobre como deveriam ser as reuniões da
maioria
Passos
Coelho e o actual PPD/PSD viraram caso de estudo. Radicalizado à direita,
ressabiado por não governar, em pânico pela perspectiva, mais que provável, do
seu próprio “desemprego a prazo”, Passos “esbraceja” qual náufrago na iminência
de se afogar.
É
verdade que Passos nunca teve especial apego pela verdade nem, tão-pouco,
revelou quaisquer vestígios de pudor na moderação do verbo, do recurso à
demagogia desmedida ou mesmo à aldrabice pura e simples. Neo-liberal da
direita radical, Passos “dobra” os factos, a realidade, a racionalidade,
na exacta medida do que lhe parece conveniente à prossecução do seu projecto
pessoal. Porque, de acordo com a sua própria biografia, Passos é obcecado por
Passos. Sabe que é um “perdedor” nato. Tem consciência de que é ignorante e
que, por isso, jamais será bem sucedido numa sociedade que premeie o mérito.
Esta
figura da nossa cena política sabe que não tem qualidades nem formação para
justificar, por mérito próprio, o direito a um infinitesimal raio de luz
na ribalta e que a única forma de conservar aquele que, por erro crasso de
paralaxe, acabou por lhe cair no colo, é mentindo e fugindo para a frente.
O
líder do Governo que em quatro anos de legislatura não conseguiu um único
Orçamento de Estado constitucional, que falhou todas as previsões e metas,
que jamais produziu um OE que bastasse ao exercício anual das contas
públicas, tendo sempre de apresentar Orçamentos Rectificativos; esta figura
que tolerou um vice irrevogável em cuja mão teve de comer para se manter à
frente do governo, que não hesitou em falsificar os números do desemprego
através dos programas de formação, estágios, sub-emprego, precariedade e
contratos a prazo, teve hoje o enorme topete de afirmar que o actual governo, e
a economia do país, perderam 60 mil postos de trabalho nos últimos
seis meses.
Passos
sabe muito bem que estes supostos 60 mil empregos correspondem às “medidas”,
tão inúteis quanto excepcionais, adoptadas pelo seu Governo para disfarçar os
reais números do desemprego. Passos está consciente de que as 60 mil pessoas
não estavam empregadas, mas simplesmente “entretidas”, até às eleições, para
não constarem dos cadernos dos centros de emprego e das estatísticas do INE. E
sabe ainda que, uma vez terminadas tais pseudo formações, estágios e
outros entretenimentos, estas iriam reaparecer nos supra referidos cadernos e
estatísticas do desemprego. Mas decidiu fazer de conta que não sabe.
E,
vai daí, toca a dilatar a Fé e o Império, que é como quem diz a mentira
desesperada, arrogando-se mesmo –vanitas vanitatum – o “direito” de, em
tom paternalista, “dar conselhos” ao Governo que lhe sucedeu.
Este
homem já não está cá connosco. A sua memória de curto-prazo sumiu no mesmo
vórtice que as suas convicções neo-liberais ultra direitistas, que conduziram à
“nacionalização” de monopólios naturais – como a REN e a EDP – a favor do
Estado Chinês, sempre que vêm à baila os “apoios” estatais a empresas privadas
de educação. Ele sabe que vai precisar de “mentores”, “tutores”, “protectores”
e “padrinhos” num futuro mais próximo que longínquo e, qual esquilo, vai
armazenado as suas nozes para o inexorável “rainy day”.
Se
Passos tivesse ficado por aqui seria já ridículo quanto baste. Mas nem pensar.
De Massamá para o mundo, Passos decidiu ainda intrometer-se na vida interna dos
partidos da maioria parlamentar que nos governa. Para tal não se acanhou em
apresentar sugestões sobre como deveriam processar-se as reuniões da maioria e
os objectivos que deveriam, no seu entender de falhado, nortear tais reuniões.
Isto é, regressar às políticas de subserviência ao dictat da Comissão
Europeia e do BCE.
Posto
isto, sugiro que alguém lhe empreste um espelho, uma Constituição e um álbum,
comparado, de recortes dos jornais do tempo do seu governo com as metas que
aceitou, e falhou, e os sacrifícios que, em vão, impôs a milhões de Portugueses.
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