Alvo
são ex-funcionários de jornal encampado pelo governo em março e que, até então,
era associado ao clérigo Fethullah Gülen, que Ancara aponta como mentor da
recente tentativa de golpe de Estado.
Autoridades
turcas emitiram nesta quarta-feira (27/07) mandados de prisão para 47 antigos
executivos e jornalistas do jornal Zaman, como parte da investida contra
suspeitos de apoiar o clérigo islâmico Fethullah Gülen. O religioso que vive
nos Estados Unidos é acusado por Ancara de estar por trás da tentativa de golpe
militar de 15 de julho na Turquia.
Ao
menos um jornalista, o ex-colunista Sahin Alpay, foi detido em sua casa na manhã
desta quarta-feira, segundo a agência de notícias estatal Anadolu. O jornal,
que já foi ligado ao movimento religioso de Gülen, está sob tutela estatal
desde março, quando adotou uma linha pró-governo.
Alpay
e outros jornalistas na lista de alvos do governo são conhecidos por seu
ativismo de esquerda e não compartilham da visão religiosa de mundo do
movimento gulenista, o que aumenta as preocupações de que a investigação
pós-golpe esteja se transformando numa caça aos oponentes políticos do
presidente Recep Tayyip Erdogan.
Entre
as pessoas procuradas pela justiça estão antigos chefes de redação do Zaman,
como Abdulhamit Bilici, Sevgi Akarcesme e Bulent Kenes, segundo o jornal Hürriyet.
No início de março, o poder turco colocou sob sua tutela o então oposicionista Zaman,
que tinha uma tiragem de mais de 650 mil exemplares e era considerado pelo
governo o "porta-estandarte da imprensa favorável" a Gülen.
No
início desta semana, a Turquia emitiu mandados de prisão contra outros 42
jornalistas, dos quais 16 já foram detidos para serem interrogados.
No
total, Ancara já prendeu mais de 13 mil pessoas depois da tentativa de golpe,
no último dia 15 de julho, incluindo militares e juízes. Dezenas de milhares de
funcionários públicos suspeitos de ligação com Gülen foram suspensos, de
setores como educação e saúde.
Gülen,
que coordena uma rede global de escolas e fundações, negou repetidamente que
tenha qualquer envolvimento na tentativa de golpe militar, que deixou 290
mortos.
Num
comunicado divulgado nesta quarta-feira, os militares turcos afirmaram que até
35 aviões de guerra, 37 helicópteros, 74 tanques e três embarcações da Marinha
foram usados pelos golpistas. Ao menos 8.651 militares teriam participado da
tentativa de derrubar o governo, o que representa 1,5% das Forças Armadas.
LPF/ap/rtr
– Deutsche Welle
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