Se
Cesária estivesse viva faria hoje, dia 27 de Agosto, 75 anos
Cesária
Évora é, sem dúvida, a cantora cabo-verdiana de maior reconhecimento
internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana.
Por
estar essencialmente relacionada com a morna, Cesária Évora foi denominada
pelos seus fãs como a "rainha da morna”. Por outro lado, a sua forma de se
apresentar nos palcos, sem sapatos, fê-la conhecida como a “diva dos pés
descalços”.
Cize,
como era conhecida pelos amigos, começou a cantar, desde muito cedo. Aos 16
anos já cantava em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais,
ganhou maior notoriedade.
Aos
vinte anos, trabalhou como cantora para os navios do Congelo, recebendo
conforme as actuações que fazia. Em 1975, frustrada por questões pessoais e
financeiras, aliado à dificuldade económica e política do jovem país, deixou de
cantar. Durante esse período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de
lutar contra o alcoolismo.
Passada
essa fase difícil e com o propósito de a ajudar monetariamente, o Club Derby,
numa iniciativa do treinador Lalela e com o envolvimento do músico e compositor
Ti Goi, organizou um Sarau Cultural, onde se deu o reaparecimento da Cize e foi
feito o lançamento da jovem e promissora cantora Fantcha. Em 1985, foi
escolhida pela Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) como uma das
quatro artistas a figurar no álbum “Mudjer”, uma compilação especial com
intérpretes cabo-verdianas. Na sequência, encorajada por Bana (cantor e
empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar,
actuando em Portugal. José da Silva, um cabo-verdiano de São Vicente radicado
em França e que viria a tornar-se no seu manager, persuadiu-a a ir para
Paris e, lá, acabou por gravar um novo álbum, em 1988, intitulado “La diva aux
pied nus”. O álbum foi aclamado pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do
seu segundo álbum, “Miss Perfumado”, em 1992. Cesária tornou-se, assim, uma
estrela internacional aos 47 anos de idade.
Em
2004, Cesária Évora conquistou o prémio Grammy de “melhor álbum de world
music contemporânea”. Em 2006, por ocasião do 31.º Aniversário da
Independência de Cabo Verde, Cize foi condecorada pelo Presidente da República
Pedro Pires com a 1.ª Classe da Medalha do Vulcão. O presidente francês,
Nicolas Sarkozy, distinguiu-a, em 2009, com a medalha da Legião de Honra,
entregue pela Ministra da Cultura francesa Christine Albanel. Em Dezembro de
2010, no Rio de Janeiro, o Presidente Lula da Silva condecorou-a com a medalha
de Ordem do Mérito Cultural 2010.
Aos
70 anos, na decorrência de uma sucessão de problemas de saúde, Cesária decide,
em Setembro de 2011, terminar a sua carreira. Morreu três meses mais tarde, no
dia 17 de Dezembro de 2011.
Manuel
Brito-Semedo – Expresso das Ilhas, em cultura
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