O
primeiro-ministro definiu-se, este domingo, como "meio vizinho da
China", numa alusão às origens indianas do seu pai e num discurso em que
salientou os caracteres pluricontinental do português e multilateral inerente à
história da diplomacia nacional.
António
Costa respondia a questões formuladas por estudantes da Universidade de
Tsinghua, uma das mais prestigiadas da China e que está situada na zona norte
de Pequim, depois de ter feito um discurso inicial em que citou escritores como
Fernando Pessoa, Luís de Camões, Vergílio Ferreira e José Saramago para
defender a tese da universalidade da língua portuguesa.
Na
sua última resposta a perguntas da plateia, perante um anfiteatro cheio de
alunos e professores chineses, o líder do executivo português falou sobre o
caráter pluricontinental da língua portuguesa e também sobre a capacidade de os
portugueses, enquanto povo, "saberem compreender o outro, quer para
acolhimento, quer para a sua própria integração".
"Posso
aliás dar o meu exemplo, porque sou o primeiro primeiro-ministro de um país da
União Europeia que tem origem extra europeia, visto que o meu pai era de origem
indiana, um país vizinho da China", declarou António Costa.
Poucos
segundos depois, a seguir à tradução chinesa das suas palavras, o primeiro-ministro
concluiu a sua ideia: "Portanto, eu sou meio vizinho da China",
disse, provocando risos na plateia e, em seguida, algumas gargalhadas.
No
período de respostas a perguntas, o primeiro-ministro referiu-se à recente
eleição de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas como sendo
um símbolo da capacidade dos portugueses "em unir os povos".
Perante
estudantes de língua portuguesa, António Costa defendeu que a diplomacia
portuguesa tem uma tradição de "multilateralismo", que está assente
numa língua portuguesa falada em quatro diferentes continentes.
Neste
contexto, o primeiro-ministro referiu que da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP) faz parte "a maior economia da América do Sul, o
Brasil", e que entre os seus Estados-membros estão também as nações
africanas que "registam maior crescimento económico".
António
Costa referiu-se ainda ao papel de Macau como "plataforma" para a
aproximação da China aos países lusófonos e à presença de Timor-Leste no
sudoeste asiático.
Ou
seja, segundo o primeiro-ministro, saber português "é ter acesso a um mercado
de 250 milhões de habitantes" e compreender "a quinta língua mais
falada na Internet".
Na
China continental frequentam a licenciatura de português quase 1600 alunos,
sendo ensinada em 22 universidades - isto, quando, até 2003, só havia três.
Jornal
de Notícias - Foto: Estela Silva / Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário