A
província do Cunene, que sofria há três anos de uma forte seca, teve chuva em
abundância durante a passagem de ano. Uma bênção e sinal de um ano de 2017 de
muitas realizações.
A
chuva é um fenómeno da natureza indispensável para a produção agrícola, uma vez
que ajuda a irrigar os campos onde são cultivados alimentos para sobrevivência
humana. A criação de gado na província do Cunene constitui um dos motivos que
deixa satisfeitos os criadores. O capim verde renasce da terra e alimenta os
bois e cabritos para satisfação das populações.
A passagem de ano no Cunene foi considerada calma pelas autoridades policiais.Houve um único registo de morte e três feridos em estado grave por descarga eléctrica no município do Cuanhama. A chuva também traz destas coisas.
A província de Luanda, ao contrário da agitação que se observou no sábado com os preparativos para a passagem de ano, despertou ontem calma e tranquila. As ruas estavam praticamente vazias. As chuvas que caíram de madrugada refrescaram o ambiente e levaram muitos munícipes a levantarem-se mais tarde. As águas paradas voltaram a provocar constrangimentos. Estradas alagadas e esburacadas e muito lixo marcaram ontem o postal da urbe luandense.
Na noite do dia 31 de Dezembro para 1 de Janeiro o festival de pirotecnia realizado na Baía e na Ilha de Luanda, no distrito urbano da Ingombota, arrastou milhares de cidadãos para a baixa luandense, principalmente jovens. Muitas famílias optaram por passar o final de ano na zona da Marginal e Ilha do Cabo, com muitos cidadãos a abrir o champanhe pelo nascer de mais um ano. Está a tornar-se um hábito e uma tradição. São aos milhares as pessoas que se dirigem à Ilha.
Fogo-de-artifício
O lançamento de fogo-de-artifício deu as boas vindas ao novo ano para as famílias que desejam ver neste ano uma grande oportunidade para colocarem em marcha os planos adiados em 2016, por força das dificuldades por que passa a economia nacional mas não impede a inovação e a critividade.
Os jovens, alguns consumidos pelo entusiasmo, dançavam e esticavam as mãos aos céus, como forma de agradecer por terem chegado a 2017.
À semelhança do que vem ocorrendo há anos, Luanda deu mostras de não estar ainda preparada para receber grandes quantidades de chuva. A que caiu na madrugada da passagem de ano deixou os bairros do Cazenga, Capolo, Calemba 2, Bairro Popular, Vila da Mata e outros com as ruas inundadas. Algumas famílias, que decidiram passar o final de ano na zona da Marginal, viram-se e desejaram-se para regressar a casa.
Muitos jovens decidiram regressar a casa a pé e debaixo da chuva, ao passo que outros pernoitaram debaixo de prédios na zona baixa da cidade até a chuva passar.
Os pequenos buracos existentes ao longo de algumas vias, tanto na zona baixa da cidade como nos arredores, contribuíram para os constrangimentos no trânsito. Os automobilistas foram forçados a manobras de gincana para se desviarem dos buracos. Junto ao Clube Náutico da Ilha de Luanda, na Baía, os automobilistas tiveram que desviar o sentido de marcha, encostando mais a viatura para a direita devido aos buracos e à água da chuva que caiu na madrugada. Os pequenos buracos existentes em vias reparadas recentemente também exigiam a precaução dos automobilistas.
A via que vai dar à Cuca estava totalmente alagada, agravada pelos buracos que se verificam naquele pavimento. Como alternativa, os automobilistas eram obrigados a reduzir ao mínimo a velocidade.
Bebé do ano
O primeiro bebé do ano nasceu com 3,20 quilos na Maternidade Lucrécia Paim e chama-se Jeferson. Para deixar os males de lado, muitos jovens procuraram ontem a praia da Ilha de Luanda para inaugurar o novo ano e retirar a ressaca com um bom mergulho no mar. Para outros, a festa do novo ano continuou durante o dia. Muitos foram para a praia em família, ao passo que outros jovens, como Bernadete João, Lourenço António e Clementina Patrício foram à praia numa excursão de 30 pessoas. Cerveja, sumos, refrigerantes e pratos grelhados marcaram a festa dos jovens junto ao mar. O ar estava mais fresco. Por volta das 18 horas, alguns começaram a abandonar o local a pé, porque a maior parte dos taxistas resolveram não trabalhar e ficar com a família.
Ao longo da ronda efectuada pela reportagem do Jornal de Angola constatou-se a existência de muitos contentores abarrotados de lixo, desde a zona baixa até à periferia da cidade. Na zona da Marginal também eram visíveis, nas primeiras horas da manhã e princípio da tarde, alguns focos de lixo. O capim verde da Marginal estava muito maltratado, devido aos milhares de cidadãos que pernoitaram sobre o capim, antes fresco, e que só saíram devido ao cair da chuva por volta das três da madrugada.
Bombas vazias
Os automobilistas registaram ontem uma redução das filas nas bombas de combustíveis, praticamente “às moscas”. É que muitos automobilistas pernoitaram em várias festas e decidiram ficar em casa a recuperar energia para começar a trabalhar hoje. Mas a sorte não foi a mesma para quem trabalha em regime de turno. A Polícia Nacional continuou durante o dia de ontem a fazer o seu trabalho de patrulhamento nas principais vias da cidade de Luanda, com operações de prevenção à criminalidade e sinistralidade rodoviária.
A equipa do Jornal de Angola deslocou-se, por volta das 17 horas, ao Hospital Josina Machel e verificou pouca enchente no banco de urgência. Os doentes que iam chegando eram prontamente atendidos pela equipa médica presente.
Cuanza Sul e Cabinda
A situação delituosa durante a passagem de ano na província do CuanzaSul revelou-se calma, quer no capítulo de cometimento de crimes, como em acidentes de viação. De acordo com o Comando Provincial do Cuanza Sul da Polícia Nacional, a quadra natalícia, assinalada a 25 de Dezembro, apresentou mais casos de ofensas corporais em relação à passagem de ano. Houve uma redução significativa de crimes e a corporação explica o facto com o bom comportamento cívico dos cidadãos durante as maratonas músico-culturais na sede provincial e nos municípios. O comando provincial promete apresentar em breve o balanço geral da actividade policial na passagem de ano.
O director do Hospital Central de Cabinda, Alberto Tembo, disse que a passagem de ano na província mais a norte do país foi calma, sem casos graves. Na noite de 31 de Dezembro de 2016 para 1 de Janeiro de 2017, o hospital prestou assistência a 150 pessoas e foram todos casos sem gravidade. “Ontem, o dia também decorreu sem problemas graves. Tudo correu bem, felizmente”, disse o director e médico Alberto Tembo.
A província de Benguela também teve uma transição calma, de acordo com o porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional. O intendente Pinto Caimbambo disse que houve apenas o registo de um morto por acidente de viação.
O Jornal de Angola notou uma urbe que despertou calma e a meio da manhã de ontem a cidade estava praticamente deserta. A maior parte dos habitantes de Benguela preferiu permanecer em casa para recuperar forças para enfrentar hoje a primeira jornada laboral do ano.
Em todos os cantos da cidade de Benguela era notória a presença de agentes da ordem pública e de trânsito, para garantirem segurança à população. O destaque na transição do ano na cidade das Acácias Rubras também recaiu para o grande movimento de cristãos que se dirigiram às igrejas, para suplicar e agradecer a Deus por lhes ter protegido durante o ano findo e pedir a bênção para que 2017seja um ano de muito sucesso.Em Benguela também houve fogo-de-artifício no Largo de África.
A cidade vida (Huambo) acordou ontem calma e preparada para retomar hoje o trabalho em força.
André
da Costa – Jornal de Angola – Foto: Ampe Rogério
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