quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Angola. ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS


Só erra quem trabalha, lá diz o ditado. Funciona como uma dialéctica que homenageia o desejo de deixar obra.

Jornal de Angola, opinião

Mas não só. Evoca acima de tudo a confiança e a coragem de quem se sujeita a que se lhe apontem o dedo, sem nunca hesitar perante um novo desafio, por mais difícil que pareça. 

Temos eleições gerais este ano e toda a gente sabe o que isso representa para os angolanos. Depois da primeira experiência em 1992, e tudo o que se passou desde então, os angolanos fizeram por melhorar em 2008 e em 2012. A normalidade política e a inerente previsibilidade dos actos eleitorais são um desafio para todos os angolanos.

Estamos em ano de eleições. Todos sem excepção, são chamados a fazer parte desta corrente positiva para uma nova demonstração de saber fazer, claro que, dentro das limitações próprias de uma conjuntura da qual fazemos parte. 

Porque toda a gente espera que esse exercício seja uma referência para as demais nações africanas, todos somos poucos para fazer do processo eleitoral um exemplo de transparência, de lisura e onde se sinta e respire harmonia e concórdia.

Somos todos chamados a arregaçar mangas para que os eleitores angolanos possam fazer a sua escolha de forma livre e consciente. Felizmente temos muitos exemplos pelo mundo, até mesmo pelo nosso continente, de como devemos proceder para se evitarem situações desagradáveis susceptíveis de manchar todo um percurso que está a ser feito para que tenhamos instituições democráticas ainda mais fortes.

No fundo, o que assistimos hoje é uma sequência de acontecimentos que fazem a nossa história acontecer, e não nos podemos dar ao luxo de olharmos para eles como se de meros factos isolados ou mesmo fortuitos se tratassem.

E essa forma de olhar para os factos conduz-nos a uma compreensão inquinada da nossa bonita e rica História. Claro que sempre haverá quem, para proveito próprio, prefira usar da memória selectiva e contar a história por partes. De preferência as que mais ajudem a compor o drama para justificar posições políticas perfeitamente irracionais e até criminosas se atendermos à nossa história recente.

Desde que se calaram as armas, os angolanos passaram a poder pensar de forma mais serena e dedicada como construir o seu futuro. Para que este processo fosse inclusivo, foi preciso evitar a ideia de vencedores e derrotados numa guerra fratricida, passar uma borracha na ficha dos protagonistas, sem olhar para a cor da farda, nem mesmo a dimensão ou gravidade dos crimes cometidos. Isto foi feito.

Escusado será falarmos aqui de outras coisas que foram feitas, e bem ou mal permitem que hoje os angolanos possam planificar melhor o seu futuro e das suas famílias, sem os receios do passado. Que assistamos às tragédias que grassam nos povos da Síria, da Líbia, do Iraque, do Iémen, ou aqui perto, na RDC, Sudão do Sul e República Centro Africana, como cenas remotas de um passado que desejamos profundamente jamais voltar a viver.

Partilhemos todos da confiança de que o nosso, sublinho, o nosso processo eleitoral vai decorrer com transparência e no espírito de harmonia e concórdia, como disse o Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Façamos disso uma convicção. E vamos mostrar ao Mundo, como de resto o fizemos a 11 de Novembro de 1975, a 4 de Abril de 2002, e, desde então, em todas as vezes que fomos “convocados” para um dever patriótico, fazer dessas eleições uma referência para África. Está nas nossas mãos.

*em A Palavra ao Diretor

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