Pequim,
16 jan (Lusa) - A China está a ficar sem paciência para o Presidente eleito dos
Estados Unidos, Donald Trump, na questão de Taiwan, escreveu hoje a imprensa
estatal, afirmando que Pequim está pronta a combater pelo território.
Trump
disse na semana passada que poderá reconsiderar o princípio "uma só
China", visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu
território, e reconhecido por Washington desde 1979.
O
Presidente eleito dos EUA quebrou já no mês passado com a tradição diplomática
norte-americana, ao aceitar a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai
Ing-wen.
No
sábado, depois dos comentários feitos numa entrevista ao jornal Wall Street
Journal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês avisou que o principio
"uma só China" é inegociável.
Hoje,
o jornal estatal China Daily disse que a questão de Taiwan é "uma caixa de
Pandora de potencial letal".
A
China tem dado o benefício da dúvida a Trump, mas se ele "está determinado
a fazer este jogo ao assumir funções, será inevitável um período de interação
hostil e nociva, e Pequim não terá outra escolha a não ser preparar-se para
combater".
Donald
Trump prometeu uma postura dura face ao que considera ser concorrência desleal
por parte da China e sugeriu que a política "uma só China" poderá
servir como moeda de troca nas negociações com Pequim.
"Tudo
está sob negociação, incluindo o princípio 'uma só China'", afirmou.
Pequim
considera Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação
pacífica", mas ameaça "usar a força" caso a ilha declare
independência.
Já
a ilha onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista
(PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.
Os
EUA reconhecem Pequim como o único Governo legítimo de toda a China desde 1979.
O
jornal Global Times, visto como próximo do PCC, avisou ainda que Trump tem
menos espaço para negociar do que julga.
A
China vai "combater impiedosamente quem defender a independência de
Taiwan", afirmou em editorial na segunda-feira.
Se
Trump optar por usar a ilha como moeda de troca, talvez "acabe por ser
sacrificado devido a essa estratégia desprezível".
O
mesmo jornal escreveu no mês passado que a decisão de São Tomé e Príncipe de
cortar relações diplomáticas com Taiwan "não foi acidental",
constituindo, "obviamente, um castigo" para Tsai Ing-wen.
A
Presidente de Taiwan fez este mês duas paragens nos EUA, numa viagem com
destino à América Central, apesar dos protestos de Pequim.
No
regresso, Tsai afirmou que a sua "nova direção" para a política
externa é clara.
"Devemos
continuar a trabalhar para que Taiwan seja visto, para que Taiwan dê o seu
contributo para o mundo", disse.
JOYP
// VM
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