Hong
Kong, China, 19 jan (Lusa) -- O antigo secretário para as Finanças de Hong Kong
John Tsang anunciou hoje que vai concorrer às próximas eleições para chefe do
Executivo, juntando-se na corrida a outros três candidatos, informou a imprensa
local.
John
Tsang anunciou formalmente a sua candidatura às eleições de 26 de março tendo
como pano de fundo um cartaz com o slogan "Confiança, unidade e esperança".
"Se
não houver confiança, se os residentes de Hong Kong não estiverem unidos, os
nossos jovens não terão esperança no nosso futuro", disse numa conferência
de imprensa, segundo o jornal South China Morning Post.
Tsang
disse que Hong Kong enfrenta "tempos de grande incerteza" e afirmou
não querer ver mais residentes a emigrarem.
O
ex-secretário das Finanças, cuja renúncia ao cargo realizada em dezembro
recebeu luz verde na segunda-feira, relacionou a atual situação na antiga
colónica britânica com o ano de 1982, quando a sociedade de Hong Kong, segundo
disse, enfrentou uma crise de confiança.
"Nessa
altura, muitas pessoas queriam emigrar", disse. "Agora a emigração
tornou-se o tema de conversa na cidade outra vez", afirmou.
Tsang
disse não querer ouvir falar em "emigração" motivada pelo
descontentamento social, razão que o inspirou a candidatar-se a líder da
cidade.
O
antigo secretário para as Finanças, que integrou os governos de dois chefes do
Executivo, incluindo o do cessante CY Leung, considerou "correta" a
política de habitação do ainda líder de Hong Kong e prometeu trabalhar para
continuar a encontrar terrenos para construir casas e resolver o problema da
falta de habitação.
Tsang
deixou claro que não é adepto da ideia de independência, afirmando que os que a
defendem "não sabem o que é Hong Kong, porque a China tem sido sempre o
núcleo da identidade dos residentes da cidade".
Além
disso, acrescentou que Hong Kong não seria o que é hoje se não fosse parte da
China.
"Uma
grande cidade tem um grande país (por detrás). Sem a Grã-Bretanha não haveria
Londres. Sem os estados Unidos não haveria Nova Iorque. Hong Kong pode
tornar-se melhor porque está a abraçar uma grande mãe pátria".
O
anúncio de John Tsang surge dias depois de Carrie Lam, antiga número dois do
governo de CY Leung, ter anunciado a sua candidatura formal ao cargo.
Regina
Ip, antiga secretária para a Segurança e membro do Novo Partido Popular (New
People's Party), o juiz na reforma Woo Kwok-hing, e Wu Sai-chuen, um ex-membro
da Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong [DAB, na sigla
inglesa], são os restantes três candidatos que formalizaram as candidaturas ao
cargo.
O
impopular líder da cidade, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, e
considerado por muitos dos seus críticos como um "fantoche" de
Pequim, disse a 09 de dezembro que deixaria o cargo em julho e não voltaria a
concorrer ao lugar de chefe do Executivo.
Ao
abrigo do atual sistema eleitoral, o líder do Governo de Hong Kong é
selecionado por um colégio eleitoral de 1.200 membros representativos dos
vários setores sociais.
Em
2014, Pequim avançou com uma proposta de reforma política que previa a
introdução de voto universal para o líder do Governo, mas só depois de os
candidatos (dois a três) serem pré-selecionados por uma comissão de 1.200
membros, vista como próxima de Pequim.
A
proposta, que ainda em 2014 esteve na origem do movimento Occupy, que durante
79 dias bloqueou as ruas da cidade, foi rejeitada pelo Conselho Legislativo em
junho de 2015.
O
pacote de reforma política proposto por Pequim acabou por ser chumbado pelo
voto contra dos democratas.
FV
(DM) // FPA
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