Pereira
Coutinho levou ontem a plenário um voto de pesar pela morte de Mário Soares. A
iniciativa foi aprovada, mas houve quem não achasse bem. Kaifong e Operários
não se mostraram favoráveis à acção do deputado. O vice-presidente da
Assembleia, Lam Heong Sang, votou contra
A
morte de Mário Soares levou ontem o deputado José Pereira Coutinho a apresentar
uma proposta de voto de pesar na Assembleia Legislativa (AL), que foi aprovada
com 13 votos a favor e cinco contra. Dentro do grupo de deputados que rejeitaram
o voto de pesar está Lam Heong Sang, vice-presidente da AL, com ligações à
Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).
À
margem da sessão plenária, Pereira Coutinho lamentou a posição demonstrada por
Lam Heong Sang. “Sendo deputado, tem o dever de conhecer a história política de
Macau nos últimos 30 anos. É espantoso que este voto tenha vindo do
vice-presidente, porque ele sabe que Mário Soares deu um grande contributo para
Macau, foi um amigo dos chineses.”
Coutinho
lembrou a legalização de 50 mil pessoas. “É a ele que todas as famílias em
Macau, que hoje em dia têm os seus filhos nas universidades, lhe devem o facto
de terem o BIR. Ele merece um agradecimento por parte da população.”
Não
foi apenas o vice-presidente que se mostrou descontente com o voto de pesar ao
antigo Presidente da República e primeiro-ministro português. Todos os
deputados que representam a FAOM e a União Geral das Associações de Moradores
de Macau (UGAMM, ou Kaifong) se abstiveram ou votaram contra. Kwan Tsui Hang, da
FAOM, absteve-se, tal como a sua colega de bancada Ella Lei. Ho Ion Sang e Wong
Kit Cheng, dos Kaifong, votaram contra.
Num
debate marcado por várias ausências, votaram a favor nomes como o de Chui Sai
Cheong, deputado eleito pela via indirecta e irmão do Chefe do Executivo,
Dominic Sio, Ng Kuok Cheong, Au Kam San e José Chui Sai Peng, primo de Chui Sai
On.
FALTA
DE MEMÓRIA
Para
José Pereira Coutinho, a posição demonstrada pelos representantes de duas das
mais antigas e tradicionais associações de Macau mostra como a história do
território ainda não é algo generalizado.
“É
importante haver educação política em Macau. Isto resulta da falta de
sensibilidade, tacto político e respeito pela história do território. Foi isso
que temos feito nos últimos 12 anos, tentar dar o nosso máximo contributo para
que nas escolas e na sociedade haja um ensino da história e educação na política.
Não fico espantado com essa conduta que nada abona à própria pessoa que votou.”
Na
apresentação feita na AL, Coutinho destacou as declarações de Xi Jinping,
Presidente chinês, e Chui Sai On, Chefe do Executivo. “Considerando a figura
maior da história que é, como o comprovam os inúmeros votos de pesar
manifestados de forma global e publicamente, como os já referidos pelo
Presidente Xi Jinping, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, de imensos chefes de
Estado e de Governo de todos os quadrantes políticos e geográficos, das mais
diversas organizações internacionais, crê-se que é totalmente justificado e
adequado que este parlamento da RAEM manifeste igualmente o seu voto de pesar.”
O
deputado falou de Soares como sendo “uma figura incontornável da história recente
de Macau e do estabelecimento das relações diplomáticas, frutuosas e de amizade
entre Portugal e a República Popular da China”.
Além
disso, Mário Soares “demonstrou um elevado espírito humanista e de
solidariedade para com os mais desfavorecidos, incluindo em Macau, onde, por
seu decisivo impulso, foram legalizadas dezenas de milhares de pessoas de etnia
chinesa, sendo este um gesto humanitário do então Presidente da República
Portuguesa para uma política consentânea com a realidade de Macau e das suas gentes”,
concluiu.
Andreia
Sofia Silva – Hoje Macau
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