Mário
Motta, Lisboa
Nestes
dias transatos a novela TSU / Salário Mínimo tem vindo a subir de tom. Para
garantir o aumento do salário mínimo o governo cedeu, em sede de Concertação
Social, e decidiu baixar a TSU. A choradeira dos patrões e a repetida
demonstração das tendências esclavagistas foi tal que o governo de Costa
aceitou descer a comparticipação na Taxa Social Única em 1,25 por centro. Patrões
“esmifras” são useiros e vezeiros no dar com uma mão e tirar com a outra.
PCP
e Bloco discordaram (bem) desde o principio da baixa da TSU para os patrões, fazendo
finca-pé no aumento do salário mínimo. Até aqui tudo bem. Faz sentido que PCP e
Bloco defendam que não se justifica para o patronato a baixa da TSU. Principalmente
para o grande patronato, as grandes empresas. Contudo parece que se esqueceram
de aceitar que a baixa da TSU devia só abranger as micro-empresas e (talvez) as
médias. Esse debate não foi feito, tanto quanto me foi dado perceber.
Porque
assim e porque assado, temos levado os dias a ouvir sobre a TSU. Até que o PSD,
na pessoa de Passos Coelho, maioral daquele burgo laranja, disse o que não foi
surpresa: concorda com a perspetiva do PCP e do Bloco. O sujeito tem afirmado
abertamente que no Parlamento o PSD vai votar contra a descida da TSU
implementada pelo governo em Concertação Social. Porquê? Porque sim. Porque
Passos Coelho é contra tudo deste governo mesmo que para isso tenha de cair em
contradição e afastar-se do que ele mesmo faria (baixar a TSU) se fosse
governo. A diferença é que não haveria aumento do salário mínimo.
Nomes
sonantes do PSD já vieram a público declarar-se contra a opção tomada por
Passos. Parece que Passos afinal está a mostrar à saciedade aquilo que vale
como pessoa e como político incoerente: nada. Não é surpresa para os que há
tanto tempo dizem e escrevem isso mesmo.
Um
PSD de destaque demonstrou hoje que Passos vale exatamente nada. Marcelo Rebelo
de Sousa, Presidente da República, promulgou de supetão, em menos de 24 horas o
diploma que consagra a baixa da TSU. Ora toma lá, oh Passos!
Também
hoje na Assembleia da República governo e partidos políticos debateram a baixa
da TSU. Aqui del-rei que os patrões são uns esmifras e patati-patatá… Pois. Compreende-se
a coerência do PCP e do Bloco de Esquerda mas facto é que também dá para
compreender o governo PS, que acabou por ser coerente e dar mais algum a ganhar
aos patrões que depois esbanjam sem consideração pelos que são as suas fontes
de enriquecimento, os trabalhadores. Há desses (muitos) e os de sentido contrário. Há
ainda os que arrecadam os lucros em paraísos fiscais… impunemente. Os das grandes empresas.
É
certo que esta novela da TSU está para durar. Tudo indica que Passos Coelho
sairá de cueiros borrados. Contudo o suspense perdurará até que as vacas tussam e nos
presenteiem com matéria de origem dos quartos traseiros, umas valentes bostas. Como
quem denuncia: “Olhem que os patrões estão a dar com uma mão mas a tirar com a
outra”. Sabemos que é sempre assim mas nada melhor que ir alertando. Felizmente
que o patronato não tem três ou quatro mãos. Assim roubaria muito mais. Bem,
mas por vezes até parece que têm 30 ou 40 mãos… para além daquela que usam para
“oferecer” um aumento de miséria, sempre de miséria.
A
seguir, duas notícias relacionadas para atualização dos mais distraídos. Abriguem-se,
vem aí frio de rachar. Brrrrr!
MM / PG
Patrões,
UGT e Governo assinam acordo para salário mínimo e descida da TSU
Patrões,
UGT e Governo assinaram o Compromisso para um Acordo de Médio Prazo, que prevê
o aumento do salário mínimo nacional para 557 euros e a descida da Taxa Social
Única em 1,25 pontos percentuais.
Em
comunicado conjunto, as confederações empregadoras afirmam que "este
compromisso prova a responsabilidade dos que o assinaram, acautelando os seus
interesses, mas, sobretudo, valorizando objetivos comuns e garantindo
estabilidade social".
A
UGT, que também assinou o compromisso, reafirma, em comunicado, tratar-se de um
"acordo tripartido fundamental".
Presidente
da República promulga descida da TSU
Marcelo
Rebelo de Sousa promulgou quatro diplomas, entre eles o que prevê a descida da
Taxa Social Única paga pelas empresas, como medida excecional e temporária de
apoio ao emprego.
De
acordo com uma nota divulgada na página da Presidência da República na Internet,
Marcelo Rebelo de Sousa promulgou esta terça-feira quatro diplomas, incluindo o
"decreto-lei que cria uma medida excecional de apoio ao emprego através da
redução da taxa contributiva a cargo da entidade empregadora".
Segundo
um comunicado do Conselho de Ministros, este decreto-lei, aprovado por via
eletrónica na segunda-feira à noite, "cria uma medida excecional e
temporária de apoio ao emprego através da redução da taxa contributiva da Segurança
Social a cargo da entidade empregadora".
Lusa
/ TSF
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