A
Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou hoje os países africanos a
investirem mais nos seus sistemas de saúde para poderem detectar, prevenir e
tratar melhor a depressão, doença que afecta 30 milhões de pessoas no
continente. Se calhar, para ajudar em todas as enfermidades, a OMS deveria
aconselhar os governos a roubar menos.
Arecomendação
foi feita na cidade da Praia, por Sabastiana Nkoma, do Escritório Regional da
OMS para a Saúde Mental, e por Shekhar Saxena, director do departamento de
Saúde Mental da OMS, que estão em Cabo Verde para participar numa série de
actividades sobre a depressão, no âmbito do dia mundial de saúde, que se
assinala a 7 de Abril.
Segundo
Sabastiana Nkoma, os investimentos devem ser feitos a nível financeiro, com
mais infra-estruturas de saúde, como hospitais, clínicas, mas também a nível de
recursos humanos e profissionais capacitados para abordar a doença, que afecta
30 milhões de pessoas nos 47 países da região africana da OMS, 4% da população.
“Nos
países da África, os profissionais que deviam atender as pessoas que têm
problema de depressão são escassos, há poucos psiquiatras, poucos psicólogos e
assistentes sociais, e mais de 75% da população que sofre transtorno mental,
incluindo a depressão, não recebe nenhum tipo de tratamento”, apontou.
A
especialista sublinhou que as pessoas procuram primeiro os serviços
tradicionais e quando a depressão já está fora de controlo é que aparecem nos
postos sanitários.
“É
por isso que devemos prestar mais atenção e todos os governos são recomendados
a investir mais nos sistemas de saúde, incluindo a saúde mental, onde está a
depressão”, sugeriu.
A
OMS recomenda que 5% dos orçamentos gerais dos países tem que ser dedicado ao
sistema de saúde, mas a OMS disse que os países africanos ainda não chegaram a
essa meta, estando apenas em 1% desse valor.
“Todos
os países, ricos ou pobres, grandes ou pequenos, independentemente da cultura,
da língua, devem dar mais atenção à depressão”, completou Shekhar Saxena,
considerando que só com mais recursos se pode tratar mais pessoas.
Relativamente
a Cabo Verde, onde 4,9% da população sofre de depressão, Sabastiana Nkoma disse
que o país não está mal, estando a atingir as recomendações da OMS sobre a
doença.
A
depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela
perda de interesse em actividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas
da incapacidade de realizar actividades diárias, durante pelo menos duas
semanas.
Em
todo o mundo, o número de pessoas que vivem com a doença aumentou mais de 18%
entre 2005 e 2015, para 322 milhões, com a prevalência a ser maior entre as
mulheres.
A
depressão é também a maior causa de incapacidade em todo o mundo e mais de 80%
da carga está entre as pessoas que vivem em países de baixa e média renda.
Este
ano, no âmbito do Dia Mundial de Saúde, a OMS vai assinalar o dia sob o lema
“Depressão: vamos conversar”, salientando que conversando abertamente é o
primeiro passo para entender melhor o assunto e reduzir o estigma associado à
doença.
Na
quinta e sexta feiras, os dois especialistas internacionais da OMS vão
participar, na cidade da Praia, num seminário, organizado em parceria com a
Fundação Calouste Gulbenkian, sobre o acesso e utilização adequada de
medicamentos a pessoas que sofrem de doenças mentais.
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