Pedro
Silva Pereira * – Jornal de Notícias, opinião
Ao
alcançar em 2016 um défice de 2,1% - o défice mais baixo dos últimos 40 anos -
e ao cumprir folgadamente as metas fixadas por Bruxelas, Mário Centeno arrasou
e conseguiu conquistar, logo à primeira, um lugar de destaque na história das
finanças públicas portuguesas. A verdade é esta: muitos falam, bastantes
tentaram, mas ninguém fez melhor do que ele. Nunca.
Este
resultado, em si mesmo extraordinário, é ainda mais impressionante, nunca é
demais lembrá-lo, porque acontece ao mesmo tempo que o Governo teve a ousadia
de "virar a página da austeridade" e cumprir a promessa de devolver
rendimentos às famílias, aumentando os salários, as pensões e as prestações
sociais.
Ao
conseguir o que tantos diziam impossível, o Governo socialista e a maioria de
Esquerda - que no Parlamento, com elevado sentido de responsabilidade, aprovou
o Orçamento que permitiu estes resultados - provaram que há uma alternativa
viável à política de austeridade, mesmo cumprindo as exigentes - e em boa
medida absurdas - regras do euro.
Vencidos,
clamorosamente vencidos, ficam naturalmente todos aqueles que durante um ano
inteiro não se cansaram de pressagiar os desastres mais diabólicos ao virar de
cada esquina e ainda hoje, contra toda a evidência, resistem a reconhecer a
realidade óbvia dos números. Sabemos quem são e pouco podemos fazer por eles.
Mais
importante, porém, do que os vencidos são os convencidos: aqueles que, tendo
tido inicialmente dúvidas quanto à estratégia económica e orçamental do Governo
socialista, não recusam agora, diante dos resultados, reconhecer o sucesso do
programa político de António Costa. São esses agora convencidos que, se for
honrada a palavra dada, decidirão muito em breve livrar Portugal do
procedimento por défice excessivo. E ao fazê-lo reconhecerão finalmente, diante
da Europa inteira, uma verdade fundamental: uma alternativa política é possível
no quadro do euro.
*Eurodeputado
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