Paulo
Baldaia | Diário de Notícias | opinião
Este
não é um texto polido, até para poder fazer justiça à cartilha que surgiu nos
últimos dias para atacar o Diário de Notícias. Regista-se a coincidência de
João Miguel Tavares (JMT), no Público, e José Manuel Fernandes (JMF), no
Observador, terem deixado passar dez dias para procurar satisfazer os seus
leitores. Dois jornalistas que precisam de se afirmar de direita para que faça
sentido o populismo em que navegam. Quanto valeriam se não soubéssemos que eles
são jornalistas (?) de direita?!
JMT
diz que eu e outros no DN criticámos "o Ministério Público pelas suspeitas
que deixou no ar ao arquivar o processo" de Dias Loureiro. No meu caso,
fiz mais! Ao contrário de JMT, arrisquei ter uma posição sobre a Justiça e digo
que "o Estado de Direito está a ser corrompido", apontando o dedo à
hierarquia do Ministério Público e ao poder político. E faço-o em coerência com
o que sempre disse, ainda não havia Daniel Proença de Carvalho na Global Media,
numa altura em que JMT trabalhava comigo na chefia de redação do DN e muito
antes até de trabalhar na TSF ou no DN.
JMT
ataca o grupo e os órgãos de comunicação social que a ele pertencem (JN, DN e
TSF), esquecendo que ele próprio é colaborador há muitos anos da TSF, dizendo
livremente o que pensa no programa Governo Sombra, que também está na TVI.
Como "taxista malandro", percorre vielas e atravessa pontes para
chegar onde quer, cobrando mais na bandeirada. Como se apenas no DN tivesse
havido críticas ao Ministério Público. Que interessa que Daniel Oliveira, Pedro
Adão e Silva ou Miguel Sousa Tavares tenham feito exatamente o mesmo no Expresso?
Não interessa nada, porque deita por terra a teoria mirabolante, e ofensiva
para o bom nome de todos os jornalistas que trabalham no DN, de que só critica
o Ministério Público quem está contra o combate à corrupção ou ao serviço de
Daniel Proença de Carvalho. E o que interessa que Nuno Garoupa, também no DN,
tenha escrito, ontem mesmo, um texto em que defende uma versão completamente
diferente daquela que é referida pelos jornalistas (?) de direita como sendo
um modus operandi dos assalariados da Global Media? Não interessa
para nada, porque revela um DN plural onde é possível ser livre a pensar e a
escrever.
Depois
há JMF que não tem a lisura e a coragem de JMT para chamar "os bois pelo
nome" e que faz de conta que fala sobre justiça e Dias Loureiro para poder
atacar o DN. Basta dizer que esta espécie de guru do "Tea Party"
português não se importa de mentir para atacar companheiros de profissão. No
texto dele, escreve que o art.º 277 do Código do Processo Penal diz que há duas
formas de arquivar um inquérito, sendo que a segunda é "concluir que os
indícios recolhidos não foram suficientes para formular uma acusação, mesmo
subsistindo suspeitas fundadas". Agora vejam o que diz o número 2 do art.º
277 e concluam: "O inquérito é igualmente arquivado se não tiver sido
possível ao Ministério Público obter indícios suficientes da verificação do
crime ou de quem foram os agentes". Onde está escrito o "mesmo
subsistindo suspeitas fundadas" que JMF garante estar no Código de
Processo Penal? Não está!
Daria
um certo gozo ver estes jornalistas justiceiros serem vítimas do que dizem
defender, mas podem estar descansados, no DN vamos continuar a bater-nos pela
defesa do Estado de Direito e estaremos sempre na linha da frente para fazer
jornalismo de acordo com as regras estabelecidas e não em defesa de interesses
próprios.
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