Pequim,
01 ago (Lusa) - Estados Unidos e Coreia do Norte têm a "principal
responsabilidade" pela escalada de tensões e negociar a paz na Península
Coreana, não a China, afirmou na segunda-feira o embaixador de Pequim nas
Nações Unidas.
Liu
Jieyi afirmou que se Washington e Pyongyang rejeitarem reduzir as tensões e o
diálogo, "não interessa o quão capaz a China é, os esforços chineses não
vão produzir resultados práticos, porque depende dos dois lados
principais".
O
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a China de falhar em travar
o programa nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte e ameaçou com
possíveis represálias económicas contra Pequim, que é responsável por 90% do
comércio externo do país governado por Kim Jong-un.
Liu
disse que, em vez de cumprir o apelo do Conselho de Segurança para reduzir
tensões e relançar as negociações a seis [China, Estados Unidos, Coreia do
Norte, Coreia do Sul, Japão e Rússia], as tensões têm aumentado como resultado
de novos testes com mísseis, comentários como "todas as opções estão sobre
a mesa" e a instalação do sistema anti-mísseis norte-americano THAAD na
península coreana.
O
embaixador chinês acrescentou que a aplicação das resoluções do Conselho de
Segurança da ONU está a ser dificultada por sanções unilaterais e
"precondições para iniciar o diálogo" com Pyongyang, numa crítica
direta a Washington.
A
administração Trump declarou que todas as opções, incluindo um ataque militar,
estão a ser consideradas, para travar a Coreia do Norte de ameaçar os Estados
Unidos e aliados na região.
A
Casa Branca optou por pressionar Pyongyang através de sanções unilaterais e
pediu à China para usar a sua influência.
Os
dois recentes testes com misseis balísticos intercontinentais conduzidos por
Pyongyang vieram colocar ainda mais pressão sobre a administração
norte-americana.
Quanto
a retomar as negociações, suspensas desde 2009, os Estados Unidos afirmaram que
não vão entrar em negociações com a Coreia do Norte até o país provar que
tenciona prescindir do programa nuclear.
No
domingo, Trump escreveu na rede de mensagens instantâneas Twitter: "Estou
muito dececionado com a China. Os nossos antigos líderes, ingénuos,
permitiram-lhes ganhar centenas de milhares de milhões de dólares por ano em
comércio e, no entanto, não fazem nada por nós em relação à Coreia do
Norte".
Em
conferência de imprensa, Liu colocou a responsabilidade pela questão da
península coreana sobre Washington e Pyongyang.
"Eles
têm a responsabilidade principal por começar a mover-se na direção certa, não a
China", afirmou.
"A
China tem vindo a implementar as resoluções [da ONU] de boa vontade e de forma
completa", acrescentou.
Liu
defendeu que a comunidade internacional deve avançar em várias frentes e
"garantir que a vontade política para resolver a questão da
desnuclearização se traduz em passos concretos, negociações, diálogo, reduzir
as tensões no terreno".
O
embaixador chinês na ONU adiantou que a China está à procura de apoio para a
proposta de suspensão do programa nuclear da Coreia do Norte e, ao mesmo tempo,
das manobras militares dos Estados Unidos na Coreia do Sul, para
"amortecer a crise" na península coreana.
A
proposta da China, que é apoiada pela Rússia, inclui a desnuclearização da
península coreana e "um mecanismo de paz e segurança" na Coreia do
Norte e na Coreia do Sul, afirmou Liu.
JOYP
// EJ
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