No
ano passado só houve duas mulheres detidas, mas este ano já existem oito
suspeitas. Pelo menos duas confessaram crime. Homens indiciados são já 44.
Quadruplicou
o número de mulheres detidas pela Polícia Judiciária por suspeita de incêndio.
Se até Agosto do ano passado se tinham registado apenas duas detenções, este
ano já foram feitas oito.
O
caso mais recente, divulgado esta terça-feira de manhã, diz respeito a uma
mulher de 48 anos, divorciada, cujos desentendimentos com o ex-companheiro
deram origem a um incêndio florestal que consumiu entre 200 e 300 hectares, em
terrenos povoados por mato, pinheiros, eucaliptos, medronheiros e árvores de
fruto.
Tudo
aconteceu junto à Foz da Amieira, no Malhadal, Proença-a-Nova, a 26 de Julho
passado. Era hora de jantar e a mulher, que se encontra desempregada, tinha
bebido umas cervejas “num quadro de desorientação emocional, face aos problemas
de conflitualidade com o seu ex-companheiro”, descreve um comunicado da
Judiciária. Os bombeiros só conseguiram controlar o fogo no dia seguinte, tendo
o presidente da câmara levantado logo suspeitas de mão criminosa. A
incendiária, que foi vista por habitantes a esconder-se na mata na altura do
incêndio, acabou por confessar o crime. Vai ser presente às autoridades
judiciárias competentes para primeiro interrogatório e aplicação das medidas de
coacção tidas como adequadas.
Na
mesma altura em que deflagrou o fogo da Foz da Amieira uma
mulher de 50 anosconfessava ter sido ela a atear, no fim-de-semana
anterior, um incêndio de proporções ainda maiores no concelho de Castelo
Branco, que depois de deflagrar em Vale do Coelheiro se propagou nos dias
seguintes aos concelhos de Vila Velha de Ródão e de Nisa, já no distrito de
Portalegre. Às autoridades, disse tê-lo feito por causa da raiva que sentia da
vizinhança, que a acusava de ser a autora de outros incêndios anteriores, no
ano passado e também já este ano, disse às autoridades. Segundo fonte ligada ao
processo, a mulher estava em casa no domingo a ver uma reportagem televisiva
sobre outro fogo, na zona de Coimbra, quando decidiu pegar num
isqueiro e ir incendiar uma área de pasto seco e pinheiros a 200 metros da
sua residência. Foi vista por um vigilante de um posto de vigia florestal, que
forneceu uma descrição sua às autoridades.
Além
das oito mulheres, a Polícia Judiciária deteve desde o início do ano por
suspeitas do mesmo tipo de crime 44 homens. O mais recente suspeito é um homem
de 32 anos, sobre o qual recaem fortes indícios de quatro incêndios florestais
entre 7 de Junho e 6 de Agosto, sempre ateados durante a noite, em terrenos
próximos de sua casa, no concelho de Vendas Novas. Ficou em prisão preventiva.
A
Judiciária anunciou ainda esta terça-feira ainda outras duas detenções. Uma diz
respeito a um homem de 30 anos, também desempregado, indiciado por cinco crimes
de incêndio florestal praticados todos no mesmo dia, a 20 de Julho, em Baião,
no lugar do Casal. “O detido é ainda suspeito de ser o autor de uma outra
ignição ocorrida no mês de Junho, no mesmo lugar”, refere a mesma força policial.
A outra detenção refere-se a um septuagenário reformado, cuja actuação apenas
não deu origem a um fogo florestal de grandes dimensões em Vreia de Jales, Vila
Pouca de Aguiar, a 17 de Julho passado, graças à pronta intervenção dos meios
de combate.
Ao
todo, no corrente ano, a Polícia Judiciária já identificou e deteve 52 pessoas
por suspeitas de crime de incêndio florestal. Em 2016, por esta altura, apenas
tinham sido detidas pela mesma força policial 21 pessoas.
Ana
Henriques | Público | Foto Mário Lopes Pereira
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