No
entanto, cidadãos ouvidos pela DW África criticam declarações de João Lourenço
referentes à guerra civil e frisam necessidade dos candidatos focarem os seus
discursos no que têm a oferecer aos cidadãos.
Em
Angola, os cabeças de lista dos partidos candidatos às eleições de 23
de agosto continuam a desdobrar-se nos contactos com eleitores em
todo o país. À semelhança dos atos eleitorais anteriores, tudo indica
que não haverá um debate entre os candidatos à Presidência da República, nestas
que são as quartas eleições desde o fim do regime monopartidário, em 1992. Mas,
no terreno, trocam-se acusações e argumentos.
Nos
últimos dias, a luta política tem estado a aquecer, não apenas no terreno, onde
cada um dos concorrentes tem utilizado todos os meios possíveis para convencer
o eleitorado, mas, sobretudo, nos meios de comunicação, onde os candidatos
tentam usar os melhores argumentos nos
tempos de antena.
Balanço
positivo
Alguns
cidadãos ouvidos pela DW África fazem um balanço positivo dos
primeiros catorze dias de campanha eleitoral. Venâncio Fernando, residente no
município do Lobito, considera que, ao contrário das anteriores, nessas
eleições é visível o civismo e a participação da juventude na disputa
eleitoral. De acordo com este angolano, "a campanha dos grandes partidos
está a decorrer dentro da normalidade". "Com tranquilidade
e serenidade. Há uma educação que os partidos políticos estão a passar”,
acrescenta.
Opinião
semelhante tem o professor Jeremia Chavi que, no entanto, frisa que o
processo acabou por ficar manchado esta semana, devido às declarações
do candidato do Movimento Popular de Libertação de Angola , João
Lourenço, feitas na província do Bié, onde voltou a reacender o discurso da
guerra. "Algumas declarações de certos candidatos do partido
no poder - Movimento Popular de Libertação de Angola - começaram a
endurecer os seus discursos, o que para mim não seria muito de salutar - fazer
menção a questões que remontam ao passado, sobretudo, questões que se prendem
com a guerra", explica.
Incidentes
Para
além disso, a primeira semana eleitoral ficou também manchada com incidentes de
intolerância politica contra uma comitiva da União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA). O maior partido na oposição terá
sido alvo de apedrejamento por parte de militantes do partido governante
quando regressava de um comício no município do Cubal, a sudoeste da
província de Benguela.
Por
essa razão, o professor da escola primária e do segundo ciclo em Benguela
sugere aos partidos políticos que apontem nos seus discursos para o que de
melhor podem oferecer aos cidadãos. Para Jeremia Chavi,
"a juventude e a geração atual já não precisa de
mensagens que façam menção à guerra, porque, primeiro, não viram a guerra,
segundo, eles precisam de quem tem propostas tangíveis", tais como, a
criação de mais emprego, a melhoria dos serviços básicos como a saúde,
habitação e a educação, exemplifica. "E esta a mensagem que
os candidatos deviam passar para o eleitorado”, conclui.
Nelson
Sul d'Angola (Benguela) | Deutsche Welle
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