@Verdade
| Editorial
Desde
que foram despoletadas as dívidas contraídas ilegalmente pelo Governo da
Frelimo, liderado na altura por Armando Guebuza, os moçambicanos esperam ver os
envolvidos na maior fraude do país, quiçá do mundo, de todos os tempos,
responsabilizados pelo crime que cometeram contra toda uma nação. Os nomes dos
sujeitos já são sobejamente conhecidos, e espanta- nos o silêncio cúmplice da
Procuradoria- Geral da República (PGR).
Mas,
após um ano e meio a investigar o caso de corrupção na compra de duas aeronaves
de marca Embraer pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), a PGR ordenou esta
semana a detenção de três arguidos, nomeadamente Paulo Zucula, antigo Ministro
dos Transportes e Comunicações, Mateus Zimba, antigo Gestor Sénior da Sasol
Pretroleum Temane, e de José Viegas, antigo PCA das LAM, enquanto continua a
instrução preparatória da acusação.
Sem
sombras de dúvidas, esta situação pouco comum na Justiça moçambicana poderia considerar-se
um presente de natal antecipado, porém, na verdade, os moçambicanos têm vindo a
aguardar pela prisão dos arquitectos das dívidas ilegais, desde que o assunto
foi divulgado pela imprensa internacional, em Abril de 2016. Razões para isso
são várias, a destacar o custo de vida sem precedentes que tem sufocado o povo
moçambicano nos últimos tempos.
A
auditoria às dívidas ocultas revelou que há por esclarecer o destino dos dois
mil milhões de dólares contraídos por três empresas estatais entre 2013 e 2014.
Está claro que esse dinheiro não foi usado para resolver os inúmeros problemas
da população. Além disso, o relatório de auditoria apontou os nomes das figuras
que, em nome do Estado moçambicano, arquitectaram o maior esquema de corrupção
de sempre e deixaram um país todo em situação económica deplorável.
No
entanto, é uma fraude ou tentativa de lançar areia para os olhos dos
moçambicanos apenas apresentar-nos os indivíduos que receberam suborno de 800
mil dólares norte-americanos para garantirem a adjudicação de um negócio 70
milhões de dólares norte- -americanos à construtora brasileira que vendeu duas
aeronaves comerciais a companhia aérea de bandeira moçambicana.
Não
obstante ser um grande passo para responsabilização dos indivíduos que fazem
dos cofres do Estado a sua vaca leiteira, é bom que se diga que esse não é o
presente de natal que os moçambicanos estão à espera. Queremos, portanto, ver
também os implicados no caso EMATUM presos enquanto continua a instrução
preparatória da acusação, à semelhança do caso da compra de Embraer.
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